Começaram ontem as obras de adequação do espaço físico que deverá receber o Banco de Pele do Hospital Evangélico de Curitiba. O projeto de implantação tem mais de um ano. No entanto, os médicos ainda não sabem quando o banco começará a funcionar, já que, dos R$ 480 mil necessários para toda a obra, só foram arrecadados até agora cerca de R$ 30 mil. Toda a verba é fruto de doações feitas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comtiba), de Curitiba.
Se o banco estivesse funcionando, Wesley Carvalho, de três anos, já estaria em casa. O menino está internado há dois meses no Hospital Evangélico, desde que teve o corpo queimado com óleo de fritura. Neste caso, os médicos geralmente têm que esperar pelo menos um mês para fazer enxertos de pele no local atingido – que são feitos com a pele do próprio paciente -, mas, se houvesse a possibilidade de transplante, o procedimento poderia ser realizado em até 15 dias, segundo o pediatra e coordenador do projeto do Banco de Pele, José Eduardo Vianna.
Vianna explica que os transplantes de pele reduzem pela metade o tempo de internamento, além de serem muito mais seguros e confortáveis para o paciente. “Diminuem a quantidade de infecções e de antibióticos. Até a parte psicológica do paciente melhora”, comenta. E não são só os queimados que podem ser beneficiados: pessoas que sofrem acidentes e têm perda da pele também podem passar pelo procedimento.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que haja um banco de pele para cada município com 500 mil habitantes, mas hoje só existem no Brasil dois bancos, um em São Paulo e outro em Porto Alegre. O banco do Evangélico seria o terceiro. “Para termos um banco de pele temos que seguir toda uma normatização. A Vigilância Sanitária passou todo o ano passado avaliando isso para somente depois aprovar o projeto”, diz.
O transplante de pele é regulado pela central de transplantes de cada estado. Desta forma, todo doador de órgãos seria também doador de pele.