O Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR) investiga suposta invasão de privacidade de 164 funcionários do banco HSBC entre 1999 e 2002. Segundo a denúncia encaminhada pelo Sindicato dos Bancários da Grande Curitiba, trabalhadores afastados por doenças ocupacionais tiveram suas vidas íntimas espionadas pela instituição financeira em seis estados – Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo -, a maior parte deles em Curitiba.
O presidente do sindicato, Otávio Dias, contou que em junho de 2011 a entidade recebeu um dossiê anônimo contendo 18 horas de gravações em vídeo, fotos, além de notas de pagamento do banco à SPI Agência de Informações Confidenciais, de Curitiba, entre outros documentos contendo os mínimos detalhes da rotina dos funcionários, seus amigos e familiares. Foram registrados momentos de lazer, compras em farmácia, idas ao mercado, quebras de sigilos bancários e lixos remexidos.
“Esta prática extrapola todos os limites. Não podemos admitir que um banco faça isso com seus funcionários. É assustador e vergonhoso”, avalia. Segundo ele, não é a primeira vez que o HSBC age assim. “Os dirigentes sindicais também já tiveram seus telefones grampeados pela empresa”, cita. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro, conta que eles inventavam as mais variadas desculpas, entravam dentro das residências dos bancários e vasculhavam o lixo deles para ver o tipo de bebida e de comida que consumiam.
O assessor jurídico do sindicato, Nasser Ahmad Allan, explica que, caso a prática seja comprovada, indica grave dano moral coletivo, dano moral social e violação do direito à intimidade e dos direitos humanos. Consta no dossiê que a intenção do HSBC era pesquisar se o funcionário afastado tinha alguma atividade extra ou outro motivo que justificasse a licença.
Investigação corre sob sigilo
O HSBC informou, via assessoria de imprensa, que o caso ainda está em trâmite judicial e que, por esse motivo, prefere não se pronunciar a respeito. O procurador do MPT-PR responsável pela investigação, Humberto Mussi de Albuquerque, disse que o caso é bem complexo e corre em sigilo, porque envolve a intimidade dos trabalhadores. Porém adiantou que já ouviu muitas pessoas e em breve deve anunciar alguma medida.