Baixar o índice de inadimplência dos mutuários é um dos grandes desafios que o ex-vereador Valdemir Soares vai enfrentar nos próximos quatro anos na presidência da Companhia de Habitação Popular (Cohab) de Curitiba. Ele assumiu o cargo no último dia primeiro, em substituição a Tereza Oliveira.
Atualmente, dos cerca de 35 mil mutuários ativos, 70% estão inadimplentes, o que equivale a cerca de 24,5 mil pessoas. "A inadimplência é muito grande e impede que a Cohab atenda algumas regiões. A intenção é transformar os mutuários em parceiros, ajudando-os a regularizar suas situações e evitando que, por falta de pagamento, eles venham a perder seus imóveis, o que é uma questão judicial e que independe da Cohab", declara Valdemir.
Para que a parceria aconteça, Beto Richa deve assinar, nos próximos dias, uma proposta de repactuação, isto é, um plano de negociação com mutuários inadimplentes com aplicação de juro zero para pagamento à vista, além de outras formas de quitação de dívidas, realizadas de acordo com a situação dos devedores. Para que a proposta seja colocada em prática, funcionários da Cohab e o próprio presidente devem visitar as casas dos mutuários, incentivando-os a fazer uma visita à companhia e efetuar a regularização.
Além do dinheiro devido pelos inadimplentes, Valdemir espera contar com mais recursos da Prefeitura e do governo federal, para investimentos em áreas irregulares e na redução da fila da Cohab, que atualmente é composta por cerca de 37.300 pessoas. No ano passado, na gestão Cassio Taniguchi, foram investidos R$ 5 milhões na Cohab. "Beto tem falado muito em moradia digna para pessoas de baixa renda e pretende tratar a questão da habitação como prioridade. A previsão é que, em 2005, a Cohab tenha recursos superiores a R$ 10 milhões para investimentos", afirma o novo presidente. "A companhia é um braço fantástico da administração pública, realizando trabalhos importantes para a sociedade. Com mais recursos, poderá fazer ainda mais."
Segundo Valdemir, a capital paranaense tem 241 áreas irregulares (que agregam cerca de 50 mil famílias, num total de cerca de 200 mil pessoas) – 45 já estão sendo trabalhadas. A maior delas é o bolsão Audi-União, composto de várias vilas. Entre as áreas irregulares, há aquelas que podem ser regularizadas, as que devem ser urbanizadas e outras cujas famílias devem ser relocadas, por estarem, por exemplo, em áreas de mananciais.
Em breve, deve ser feita a transferência de 43 famílias do Movimento Nacional de Luta pela Moradia que estão vivendo dentro de um barracão no Bairro Novo para as moradias Sambaqui, no Sítio Cercado. Também existem R$ 10,5 milhões do programa Habitar Brasil, do governo federal, a serem investidos na regularização e no deslocamento de parte das 1,1 mil famílias que se encontram na Terra Santa, no bairro Tatuquara, para o loteamento das moradias Laguna, localizado próximo ao Jardim da Ordem.
Pelos próximos quatro anos, Valdemir pretende que a Cohab trabalhe integrada com outras secretarias, como Meio Ambiente e Finanças, e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Porém, a principal parceria deve ser estabelecida com a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), comandada pela primeira-dama Fernanda Richa. "A FAS deve ser o braço-direito da Cohab, gerenciando doações e outros recursos para ajudar as famílias nas relocações. Estou otimista, acreditando que a integração com outras secretarias vai realmente acontecer", finaliza.