Mesmo com uma redução de 75% no número de assaltos praticados nos sinaleiros na Avenida das Torres, em Curitiba, os delitos continuam amedrontando os motoristas que trafegam pelo local. Segundo dados da Polícia Militar (PM), em setembro do ano passado, foram registradas quatro assaltos em sinaleiros da via. Esse ano, no mesmo período, houve uma ocorrência desse tipo.
Para a PM, a redução dos casos é resultado do aumento do policiamento na região. “Antes, apenas um batalhão era responsável pelo patrulhamento no local. Desde julho, o 13.º BPM, a Companhia de Choque e a divisão de polícia montada têm trabalhado em conjunto na prevenção e repressão de assaltos”, explica o capitão César Alberto Souza, do Comando de Policiamento da Capital.
Apesar da redução nos números, o capitão admite que a Avenida das Torres é um dos pontos mais perigosos da cidade. “É uma via que dá aceso a um supermercado e a uma universidade perto de uma comunidade muito carente.”
Experiências
A administradora Priscila Picco foi assaltada quando voltava da Pontifícia Universidade Católica (PUC) há cerca de um ano. Ela estava no banco do passageiro do carro de uma amiga. Uma outra colega de Priscila estava no banco de trás. A amiga de Priscila parou no sinaleiro antes do Viaduto do Capanema, quando então um menino se aproximou e exigiu dinheiro. “Ele tinha no máximo uns treze anos. E estava com a mão por dentro do agasalho, segurando um volume, como um revólver. Disse que se a gente não desse dinheiro iria estourar”, conta Priscila, que não deu queixa na polícia. “Estávamos muito nervosas”.
Quem passa regularmente pela Avenida das Torres sabe bem como é o problema. No Lactec (Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), várias funcionárias foram assaltadas. A advogada Silvana Chosiay sentiu o gosto amargo do assalto depois de oito anos fazendo o mesmo percurso todos os dias. No dia 12 de setembro, ela foi abordada por três homens quando parou no sinaleiro na saída do Viaduto do Capanema. Enquanto dois deles davam cobertura, um rapaz se aproximou e quebrou o vidro do lado do passageiro, levando a bolsa com dinheiro e documentos. “O que mais revolta é que ninguém ajudou”, queixa-se. “Parecia que estava acontecendo uma coisa normal e não um assalto.”