Auto-escolas questionam compra de leitores de digitais

A partir do próximo mês, todos os Centros de Formação de Condutores (CFCs) do Paraná terão que instalar nas unidades um sistema de identificação de impressões digitais, também conhecido como biometria.

A determinação é do Departamento de Trânsito (Detran) do Estado, que segue deliberação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). O objetivo é fazer com que os alunos se identifiquem no início e no final de cada aula, através da conferência da impressão digital do aluno com a digital capturada pelo Estado. Dessa forma, o Detran poderá acompanhar a freqüência e a carga horária dos cursos.

É unanimidade entre os CFCs a validade do sistema. O que os centros estão questionando é a falta de opções para a compra dos equipamentos no Paraná. Dois equipamentos foram homologados pelo Detran.

No entanto, somente uma empresa está fornecendo os aparelhos de biometria – Finger Tech, de Londrina, que comercializa os aparelhos coreanos da marca Nitgen. Ano passado, a mesma empresa vendeu cerca de 600 equipamentos para o Detran.

A outra empresa homologada, a Alotec, de Curitiba, que representa a marca FingerPrint, ainda não conseguiu trazer os aparelhos, que são importados da China.

O proprietário da empresa, Sérgio Alvarenga, garante que os leitores chegarão até a próxima semana. No entanto, ele ressalta que encontra resistência por parte do Detran em avaliar o equipamento.

“Levei o produto em mãos e eles não quiseram nem olhar. O mesmo aconteceu no sindicato (Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Paraná), que depois de muita insistência resolveu apresentar o equipamento ao Detran, que acabou sendo homologado em 24 de setembro”, comenta.

Já o diretor comercial da Finger Tech, Osmar Braga, informa que o sindicato teria exigido que a empresa fizesse a venda direta dos equipamentos para os CFCs. O sindicato foi procurado pela reportagem de O Estado******** para esclarecer o assunto, mas não retornou as ligações nem respondeu o e-mail com os questionamentos.

Confusão

A marca FingerPrint coincide com o nome de uma gráfica com sede em Barueri, em São Paulo, que, depois da homologação do equipamento pelo Detran do Paraná, colocou na abertura do seu site na internet a mensagem “não produzimos leitor biométrico”. Segundo representantes da empresa, isso foi necessário devido à grande procura pelo leitor, que eles não possuem.

De carona na homologação do FingerPrint, a empresa ActiveFinger, de Medianeira, começou a divulgar há 15 dias que também está comercializando o leitor. Apesar de fazer “reserva” do produto e exigir parte do pagamento, a empresa também não consegue trazer o aparelho da China.

O diretor comercial da Active, Cid Luiz Zanella, afirma que já foram vendidos 25 aparelhos e que o lote com 50 leitores importados será entregue em 15 dias, após a data de instalação exigida pelo Detran.

Suspeita de favorecimento a empresa de Londrina

Os proprietários de centros de formação de condutores suspeitam de favorecimento por parte do Detran à empresa Finger Tech, de Londrina. No site do órgão na internet as informações não são precisas e mudam com freqüência. Na semana passada, o Detran aparecia como órgão que apresentou o aparelho da Nitgen e ontem o crédito foi dado a uma auto-escola de Cruz Machado.

O Detran também não quis informar os contatos das empresas que fornecem os aparelhos homologados. O diretor da Finger Tech, Osmar Braga, nega favorecimento e defende que a empresa ganhou a licitação “pela qualidade e melhor preço”.

O custo de cada equipamento varia entre R$ 1,6 mil a R$ 2 mil. Cada centro de formação irá precisar de no mínimo um instalado até o início de novembro. O coordenador de Tecnologia de Informação do Detran-PR, S&eacut,e;rgio Tenório, afirma que o órgão adquiriu os equipamentos da empresa de Londrina porque esta foi a vencedora de uma licitação com

o menor preço. Os equipamentos foram instalados nas unidades do Detran e Circunscrições Regionais de Trânsito (Ciretrans) em todo o Paraná. Para os CFCs, estão sendo exigidos equipamentos compatíveis.

“Não fizemos nenhum chamamento para as empresas porque estaríamos limitando o mercado. Fizemos uma portaria e todas as interessadas pediram a homologação. O equipamento vai para o departamento de TI (tecnologia da informação) do Detran, que verifica a compatibilidade do leitor.” Isso é necessário, segundo Tenório, para evitar fraudes.

Segundo ele, se houve pouca procura de empresas para homologar um equipamento, o Detran não tem interferência no processo. No site do órgão aparecem outros seis pedidos de homologação, que, segundo o Detran, não atendem às especificações exigidas.

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