Desde domingo, usuários do transporte coletivo de Curitiba estão pagando mais caro pela tarifa. De R$ 1,40, a passagem de ônibus subiu para R$ 1,50. Porém, apenas na manhã de ontem, quando voltava ao trabalho depois do final de semana, a população começou a sentir a diferença. A Urbs, por sua vez, justificou o reajuste devido ao aumento do preço do diesel, ocorrido na semana retrasada.

Nos pontos, enquanto esperavam a chegada dos ônibus, as pessoas reclamavam umas com as outras e lamentavam o aumento. A indignação era geral. “Acho que para quem tem a opção de utilizar os terminais e pagar apenas uma passagem, o aumento não pesa tanto. Porém, para pessoas como eu, que precisam pagar mais de uma tarifa, R$ 0,10 faz muita diferença”, disse o frentista Marcos César de Jesus. “O pior é que a tarifa sobe, mas a qualidade dos serviços não se altera”, completou.

A passageira Luciana Fagundes, que atualmente está desempregada, contou que vai ter que começar a andar a pé para economizar o dinheiro da passagem. “Esse aumento é absurdo! Como estou desempregada, até R$ 0,01 faz diferença. Agora, vai ficar ainda mais difícil sair de casa para procurar trabalho. O valor da tarifa, em minha opinião, é bastante abusivo”, ponderou.

Junto com a esposa, o copeiro João Ataíde utiliza quatro vales-transporte por dia. Com a tarifa a R$ 1,40, ele gastava R$ 28 por semana. Com o aumento, vai gastar R$ 2 a mais. “Parece pouco, mas como o preço de tudo está subindo nos últimos tempos, R$ 2 faz bastante diferença no orçamento”, comentou. “Já até pensei em deixar de pegar ônibus e comprar uma motocicleta que seja econômica, mas ainda não fiz os cálculos para ver se realmente vale a pena. Sei que quem ganha salário mínimo não consegue andar de ônibus em Curitiba”, criticou.

A empregada doméstica Daniela Cristiane Farias ganha um salário mínimo por mês e confirmou a informação de Ataíde. Ela é do município de Janiópolis, no Noroeste do Estado, e está na capital há apenas cinco meses. Como todo mês precisa enviar dinheiro para a família, só pega ônibus quando tem que percorrer grandes trajetos. “A tarifa pesa bastante no orçamento. A cidade onde eu morava antes é pequena e eu nunca precisava pegar ônibus. Em Curitiba, utilizar o transporte coletivo é uma necessidade e acaba saindo muito caro”, comentou. “Muitas vezes, evito sair de casa para não gastar”, lamentou.

Na última sexta-feira, os usuários de transporte coletivo tiveram dificuldades para comprar vales-transporte. Como sempre, em época de aumento de tarifa, eles pareciam haver sumido das bancas de revista e dos demais pontos de venda. Embora muitas pessoas reclamassem, comerciantes negavam estar escondendo os vales para vendê-los mais caro no início desta semana. Diziam que o produto havia se esgotado devido à grande procura dos consumidores, que, já cientes do aumento do valor, procuravam fazer estoques.

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