A violência nas escolas de Curitiba está preocupando. Essa é a opinião de Luiz Carlos Paixão da Rocha, secretário de Imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Paraná (APP). Segundo ele, desenvolver somente medidas de correção não resolve o problema. "É preciso que o problema seja atacado nas suas causas", afirma.
Para Luiz, são necessárias políticas públicas para a juventude, combatendo a pobreza e a falta de perspectivas dos jovens. Luiz considera que o desafio é ter outros momentos de educação para os jovens, além do horário de aulas. "É preciso também que sejam identificadas as necessidades deles. Para isso, a participação da comunidade é essencial", considera.
Foi com o envolvimento da comunidade local que a diretora do Colégio Estadual Emiliano Perneta, Sandra Phillipps, conseguiu melhorar a situação da escola no último ano. Sandra diz que, até 2003, o colégio não tinha muro e os arrombamentos, furtos e depredações eram freqüentes. Segundo ela, com a construção do muro, no ano passado, e com o envolvimento maior dos pais nas questões da escola, esses problemas foram minimizados.
Segundo a professora Lígia Românio, a violência ocorre fora da escola. Ela diz que muitos alunos se queixam da atuação de gangues. A esse respeito, a diretora dá o exemplo de uma aluna que mora em frente à escola e foi baleada no ano passado. O colégio fica no Pilarzinho, tem cerca de 560 alunos e se encontra em uma região de moradores de baixa renda.
Políticas públicas
Sheyla Costa, assessora do Programa Paz e Segurança nas Escolas, considera que a violência física em colégios da periferia ou de locais de infra-estrutura precária é mais visível que em instituições freqüentadas pelas classes mais altas. Segundo ela, quando as casas são muito próximas e as condições de vida são difíceis, o problema da violência se agrava. Porém, ela lembra que em colégios freqüentados pelas classes mais abastadas é comum ocorrer outros tipos de violência. "Muitas vezes a violência é psicológica e acontece sob a forma de exclusão", aponta.
Sheyla conta que através da Assessoria de Relações Externas e Inter-institucionais da Secretaria de Estado de Educação (Seed), o programa tem realizado, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), ações de capacitação de professores com objetivo de torná-los aptos a lidar com a violência nas escolas. Conforme Sheyla, atualmente o programa planeja uma maior articulação com outros órgãos de governo, para que se possa atuar de forma integrada e com mais eficácia. Outra ação que está sendo planejada é a realização de amplo estudo sobre esse tipo de violência. "Esse estudo dará subsídios para direcionar as políticas públicas."