O número de idosos no país vem crescendo mais do que o de crianças. Segundo dados do IBGE, em 1980 existiam dezesseis idosos para cada cem crianças. Em 2000, a relação passou para trinta por cem. O problema é que este aumento não veio acompanhado de políticas sociais adequadas para tratar e cuidar de toda esta geração. Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas a Igreja Católica adotou, este ano, o idoso como tema da Campanha da Fraternidade: Fraternidade e as Pessoas Idosas ? Dignidade, Vida e Esperança, que começa no dia 5 de março.
A irmã Alaíde da Silva, coordenadora da Pastoral da 3.º Idade da Arquidiocese de Curitiba, afirma que a sociedade e a família estão tratando os mais velhos como se fossem seres descartáveis. “A sociedade consumista valoriza mais o “ter? do que o “ser?. Como eles já não estão numa fase muita produtiva acabam ficando de lado”, diz.
O isolamento tem provocado um estado de profunda depressão, que favorece o aparecimento de doenças. Para retirar os idosos desse quadro a Arquidiocese criou grupos nas paróquias onde eles realizam diversas atividades, que incluem ginástica, conversas, passeios e trabalhos manuais. Das 150 paróquias da cidade, sessenta oferecem as atividades. “A idéia este ano é ampliar esse número”, diz a Irmã Alaíde. A coordenadora do grupo da Paróquia do Santíssimo Sacramento, na Água Verde, Rucliu Thisen, trabalha com doze senhoras e confirma: “A amizade e a convivência entre os idosos é muito importante para eles”. Ela diz que alguns já pararam até de reclamar de dores porque começaram a praticar a ginástica e outros se sentem bem por encontrar alguém para desabafar, já que na família não há espaço. Para Rucliu, falta gente especializada para atender os mais velhos.
Mas a maior missão destes grupos será atingir os homens, já que a maioria dos que participam são mulheres. “Eles são mais reservados, têm vergonha”, diz Rucliu. A saída para atraí-los será a implantação de atividades que chamem sua atenção como jogos.
Casas de Apoio
Mas as paróquias têm um objetivo maior: pretendem criar casas de apoio onde os idosos passariam o dia todo e só voltariam para a casa durante a noite. “Isto evitaria que eles ficassem sozinhos e também evitaria o asilamento”, explica a irmã.
Maioria no País sustenta a casa
Elizangela Wroniski
Segundo dados do IBGE, em 2000 o Brasil tinha quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Isto representa cerca de 8,6% da população. Dentro destes números as mulheres são a maioria, 8,9 milhões o que equivale a 62,%. No Paraná existem 809.431 idosos e em Curitiba, 133.619.
Um dado interessante é que a maior parte deles é responsável pelo domicílio em que moram. No Brasil, 8.964.850 sustentam a própria casa, no Paraná, 490.921, e em Curitiba, 81.400.
Nos próximos 20 anos, a população idosa brasileira poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população. Nos últimos 10 anos, o grupo de pessoas com 75 anos ou mais obteve o maior crescimento relativo (49,3%), em relação ao total da população idosa. A melhoria na qualidade de vida, aliada aos avanços da medicina, tem colaborado para este aumento. Além disto grande parte reside em cidades e não nas zonas rurais, assim os filhos moram mais perto e eles têm acesso mais rápido e fácil a tratamentos de saúde.
As mulheres são as que mais têm se beneficiado dos avanços da ciência. Elas estão vivendo em média 8 anos a mais que os homens. Em 1991, as mulheres correspondiam a 54% da população de idosos, em 2000 passaram para 55,1%.