O número de acidentes envolvendo ônibus do transporte coletivo de Curitiba teve uma pequena alta em 2011 na comparação com 2010. Dados do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), da Polícia Militar do Paraná, indicam que no ano passado foram registrados 854 acidentes envolvendo ônibus e micro-ônibus, contra 807 em 2010. Isto representa alta de 5,8%. Segundo o BPTran, 783 pessoas ficaram feridas e 13 morreram no local do acidente em 2011. Na quantidade de óbitos, houve redução de 31,6% em relação a 2010. O acidente mais recente envolvendo ônibus em Curitiba ocorreu ontem, na esquina das ruas Conselheiro Dantas e Alferes Poli, no bairro Rebouças. Um homem morreu e duas outras pessoas ficaram feridas.
As avenidas Marechal Floriano Peixoto, Sete de Setembro e República Argentina são as vias onde mais foram registrados acidentes envolvendo ônibus, tanto em 2011 quanto em 2010. Houve aumento na quantidade de acidentes nestas três vias. Foram 53 acidentes na Marechal Floriano Peixoto em 2011, contra 45 em 2010; 45 acidentes na Sete de Setembro em 2011, contra 33 em 2010; e 38 acidentes na República Argentina em 2011, contra 23 em 2010.
Entre os acidentes envolvendo ônibus do transporte coletivo mais marcantes no ano passado estão o atropelamento de uma mulher por um biarticulado na Avenida República Argentina, na frente do Shopping Água Verde, em março. Ela não teria olhado para os dois lados ao atravessar a canaleta. Em dezembro, um casal de motociclistas parou embaixo de um ônibus na saída do terminal do Cabral, na esquina da Rua dos Funcionários com a Avenida Paraná. Os dois ficaram em estado grave.
Um dos acidentes de 2011 que mais causaram repercussão foi a colisão entre um biarticulado da linha Santa Cândida/Capão Raso e um Ligeirinho da linha Curitiba/Fazenda Rio Grande, na esquina da Rua André de Barros com a Travessa da Lapa. O acidente, que ocorreu em janeiro, deixou 40 pessoas feridas.
O diretor de transportes da Urbanização de Curitiba (Urbs) – que gerencia o transporte coletivo da cidade -, Antônio Carlos Araújo, explica que a média de acidentes envolvendo ônibus chega a dois por dia. “O ideal seria zero. Mas é quase impossível não se envolver em acidente andando 500 mil quilômetros por dia. Também não quer dizer que nestes dois acidentes por dia os ônibus são os culpados”, comenta.
Motoristas, motociclistas e pedestres imprudentes se arriscam em manobras na frente dos ônibus. Acham que dá tempo para fazer uma travessia rápida ou não prestam atenção na circulação dos ônibus. E ainda tem aqueles motoristas que insistem em “competir” com os veículos maiores. “Tem que colocar em prática a direção defensiva, sempre dar a preferência para o outro, além da regra do maior para o menor”, ressalta o soldado Gerson Teixeira, auxiliar da Comunicação Social do BPTran.
Ele lembra que não vale a pena acelerar quando o semáforo está no amarelo ou ainda arrancar na virada do sinal vermelho para o verde. E isto vale tanto para os condutores de automóveis e motociclistas quanto para os motoristas dos ônibus do transporte coletivo. Prova de que isto acontece com frequência é a quantidade de acidentes em cruzamentos.
Medidas visam reduzir riscos
E quando o motorista do ônibus do transporte coletivo tem culpa no acidente? O diretor de transportes da Urbs, Antônio Carlos Araújo, ressalta que a Urbs promove constantemente eventos de orientação para os motoristas, assim como as empresas que atuam no sistema de transporte público são obrigadas a treinar os condutores. “O motorista tem que cumprir a lei de trânsito, sem privilégios”, afirma Araújo.
Marcos Borges |
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Avenida Sete de Setembro &eac,ute; uma das campeãs em acidentes. |
Sobre os horários que os motoristas dos ônibus são obrigados a cumprir, o que pressionaria os condutores a cometer infrações, o diretor da Urbs ressalta que “o horário não prevalece, e sim as leis de trânsito”. Ele destaca que os fiscais da Urbs são flexíveis quanto a horários de chegada aos pontos determinados, ainda mais nos momentos de trânsito intenso na cidade.
Araújo acredita que os corredores exclusivos para os ônibus dão agilidade ao sistema e também diminuem os riscos. “Estamos estudando também a implantação de faixas exclusivas para os ônibus”, enfatiza. O presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, confirma que houve uma revisão na tabela de horários dos motoristas, o que melhorou as condições de trabalho.
Sobre os acidentes, Teixeira comentou que um departamento específico dentro do Sindimoc vai analisar cada ocorrência com o objetivo de fazer um levantamento sobre o assunto. “Queremos fazer um balanço para depois basear atitudes para a prevenção de acidentes”, indica.