Tema discutido ao longo da greve dos professores, a mudança do número de turmas na rede estadual de ensino já afeta a organização das aulas, com retorno marcado para amanhã. Diretores ouvidos pela reportagem ontem relatam que ainda não têm informações sobre como ficou a redução de turmas defendida pelo governo estadual entre dezembro e janeiro.
Adaptações no número de turmas são normalmente feitas de um ano para outro, mas a redução registrada entre 2014 e 2015 foi “mais profunda”. No entendimento da categoria, o corte nas turmas está atrelado à redução de funcionários e professores desejada pelo governo estadual. Já o Executivo alega que há outros fatores além da redução de despesas.
O presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão, disse que, em relação à questão das turmas, o governo estadual tinha se comprometido a respeitar um número máximo de alunos por sala de aula. “Nós sabemos que não será possível voltar completamente ao que era o ano passado. Sabemos que haverá fusão de turmas. Mas não queremos superlotação”, ressalta.
Pela mudança inicialmente proposta pelo governo estadual para o ano letivo de 2015, cerca de 2,2 mil turmas seriam fechadas.
“Eu ainda estou esperando alguma posição, não dispensei os alunos”, conta a diretora Sandra Phillipps, do Colégio Emiliano Perneta, no bairro Pilarzinho, em Curitiba. Mais de 300 alunos estudam na escola. Mas, com as mudanças estabelecidas pelo governo estadual, três turmas noturnas, do ensino médio, seriam fechadas, deixando de fora um grupo de aproximadamente 50 alunos. “Eu sei que à noite temos turmas pequenas, mas aqui é uma região carente, com registros de circulação de drogas. É um público que precisa das aulas. Eles vão estudar aonde? Eu concordo que tem evasão, mas não é assim que se resolve”, diz a diretora.
Pra secretário, problemas são “pontuais”
Para o secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira, problemas relacionados à extinção de turmas são “pontuais”. Ele afirma que não há superlotação a partir de fusões. “Não existe isso: 57 alunos dentro da sala. Mas há necessidade de fechar turmas que não têm número suficiente de matriculados. A quantidade de alunos vem caindo. É um fenômeno nacional. As famílias têm menos filhos”, argumenta.
Além disso, para Ferreira, é “absolutamente natural” que haja ajustes durante o primeiro mês de aulas. “Enquanto não estabilizar o processo de matrícula, pode haver ajuste”.
Diretora de Informações e Planejamento da Seed, Vanda Dolci explica que as turmas são definidas a partir do número de alunos registrados no ano anterior. A partir daí, foram adotados critérios como “centralização do atendimento”. “Em alguns casos, há uma outra escola próxima que pode receber o aluno”. Vanda explica ainda que a prioridade tem sido pelo atendimento diurno, daí a quantidade maior de fechamento de turmas noturnas.
Ano com menos férias e feriados
O novo calendário escolar para 2015, após um mês de greve, foi definido ontem. Uma das duas semanas das férias de julho foi cortada. Agora, os alunos terão folga apenas de 13 a 17 de julho.
O fim do ano também foi esticado. As aulas, que pelo primeiro calendário seguiriam até o dia 18 de dezembro, agora terminarão no dia 23 de dezembro. Recessos ligados a feriados também foram retirados da programação.
Ontem, funcionários da Secretaria de Estado da Educação e integrantes do sindicato dos professores fizeram uma reunião para discutir o tema. Segundo a secretária de finanças da APP-Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, houve um consenso para que as aulas d,e reposição não ocorressem aos sábados, nem em feriados. No ano, são 200 dias letivos.
Também ficou definido que as chamadas atividades pedagógicas, específicas para os professores, serão realizadas nos sábados (16 de maio; 27 de junho; 4 de julho; 25 de julho; 15 de agosto; e 17 de outubro). (Da Redação)