Carteiras e um quadro de giz. Equipamentos normais em uma sala de aula. No entanto, ontem, as carteiras e o quadro de giz faziam parte do cenário da Praça Nossa Senhora da Salete, em frente ao Palácio Iguaçu, em Curitiba.
Professores da rede estadual promoveram uma aula na calçada, que chamaram de ?Escola na Rua?, com o objetivo de chamar a atenção do governo e da sociedade para os problemas e reivindicações da categoria.
Os docentes ocuparam as carteiras enquanto colegas faziam um relato sobre as condições de trabalho, saúde, qualidade da educação, salários e a violência nas escolas.
Além da ?Escola na Rua?, os professores deram aula apenas por 30 minutos, e não por 50 minutos, como é estabelecido. A mobilização aconteceu em todo o Paraná.
A secretária de organização da APP-Sindicato (entidade que representa os professores), Marlei Fernandes, explica que a categoria reivindica a equiparação com o restante dos servidores do Executivo estadual. Um professor com licenciatura plena em início de carreira recebe R$ 1.557,18 (incluindo o auxílio-transporte) por 40 horas semanais.
Servidores de outras áreas recebem, pela mesma jornada de trabalho, um salário de R$ 2.157,73. A diferença é de 38,57%. Os professores querem a equiparação, mais a reposição de 5% da inflação repassada a todos os servidores. ?Também queremos uma definição sobre o plano de carreira e ações imediatas com a violência nas escolas?, comenta Marlei.
Os professores foram recebidos no fim da manhã por representantes do governo, mas a proposta apresentada à categoria trazia apenas o reajuste de 5%. Ficou marcado para a quarta-feira da próxima semana um novo encontro para discutir a situação.
Durante a tarde, os docentes foram até a Assembléia Legislativa para pedir que os deputados coloquem em votação projetos relacionados à educação. Entre eles, um que beneficia diretores e pedagogos. Hoje, eles precisam contribuir cinco anos a mais do que os professores que atuam em sala de aula para se aposentarem. Marlei diz que já existe lei federal equiparando a contribuição.
Ontem, também foi um dia de mobilização nacional dos professores dentro da 9.ª Semana em Defesa da Escola Pública. Trinta e seis paranaenses, em conjunto com professores de todo o Brasil, foram até a Câmara dos Deputados para mostrar a importância do projeto de lei que estabelece o Piso Salarial Profissional Nacional.
?O piso é considerado uma valorização de todos os professores do País. A proposta enviada pelo governo federal foi de R$ 950 por 40 horas semanais e 30% de horas atividade. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação reivindica um piso de R$ 1.050 para 30 horas semanais e 30% de horas atividade?, afirma Marlei.
