A publicação de uma nota oficial assinada pelo delegado regional do Trabalho, Celso Costa, complicou ainda mais a já conturbada relação entre os auditores fiscais e a chefia da Delegacia Regional do Trabalho (DRT). No comunicado, o delegado condena a posição do sindicato de “interromper a fiscalização de qualquer atividade relacionada ao trabalho escravo, degradante e à exploração de crianças e adolescentes ? menina dos olhos do atual governo ? com conseqüente denúncia de organismos internacionais”.
Celso Costa classifica o trecho, que teria sido retirado de uma ata da Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho no Paraná (AAFT), de “irresponsável, inconseqüente e inadmissível”.
A nota ainda acusa o sindicato de usar os auditores politicamente. Em sua nota, Costa cita um trecho de uma proposta que teria sido aprovada em assembléia, intimando os auditores a promover uma operação-padrão com a finalidade de fiscalizar empresas ligadas a parlamentares que não estejam afinados. “Toda e qualquer fiscalização do Trabalho no Estado do Paraná deve obedecer a critérios técnicos e deve ser realizada com Ordem de Serviço emanada unicamente pela Chefia da Fiscalização”, afirma Costa na nota oficial.
Sindicato
O diretor vice-presidente da AAFT, Luiz Felipe Bergmann, desmente as afirmações publicadas na nota do delegado. Segundo ele, Celso Costa tentou confundir a população. “Os trechos da notas dele foram retirados de convocações a assembléias e não de decisões do sindicato”, conta Bergmann. A associação também emitiu um posicionamento oficial no final da tarde de ontem onde esclarece que a fiscalização do trabalho infantil escravo e degradante está vinculado a um grupo especial, subordinado diretamente ao Ministro do Trabalho e Emprego.
A nota também esclarece o que seria a íntegra do posicionamento do sindicato a respeito da operação-padrão. “Fiscalizações denominadas operações-padrão que consistirão na realização de inspeções nas empresas de maiores e mais reticentes problemas no cumprimento da legislação do trabalho, visando dar ao movimento maior visibilidade perante a sociedade e parlamentares especialmente aqueles que não se colocam ao lado das reivindicações dos auditores, fazendo ressaltar o importante papel social das fiscalizações.”
Irregularidades
A Associação dos Auditores Fiscais ainda pede explicações sobre o envolvimento de Costa com empresas do setor moveleiro de Arapongas e região; relações com a administração municipal de Londrina; construção ilegal de obra em frente ao DRT. “Ele se coloca como herói solitário, mas, na verdade, fica utilizando os auditores para atender interesses particulares”, diz Bergmann .