Um caso de racismo chocou a população de Maringá, região Noroeste do Paraná, pela forma “natural” com que uma das moradoras se referiu a um vizinho e sua irmã na garagem do Condomínio Iguaçu II, no bairro Cidade Nova.
As ofensas foram gravadas por vizinhos e mostram a mulher xingando Nilson Lucas Dias, de 26 anos, psicólogo e estudante de mestrado da Universidade Estadual de Maringá. Ela reclamava da bicicleta do vizinho, que estaria estacionado em local irregular, “invadindo” sua vaga. A fisioterapeuta, que prestava serviços ao Hospital Universitário de Maringá, ligado à UEM, não mostrou cuidado nenhum ao ofender Nilson e sua irmã para quem quisesse ouvir.
ATENÇÃO! AS PALAVRAS SÃO FORTES!.
Se preferir, leia a seguir alguns trechos do áudio transcritos:
“Eu quero pegar esse preto, eu tô ligando pra ele e ele não atende. Ele não tá lá, porque dorme, preto é folgado, preto não trabalha, vive atrás de política, sabe? De bolsa família. Preto é diferente de nós. Esse povo foi escravo, eles tinham que ver o que foi a escravidão, sofrimento, Não tinha que procriar, para não ter mais macaquinhos. Tinha que parar alia na escravidão e extinguir a raça”.
Por mais chocante que sejam as ofensas, Nilson não chegou a registrar boletim de ocorrência no dia, o que permitiu que a vizinha escapasse do flagrante. No entanto o B.O., mas no s foi feito no dia seguinte procurou o 9º Distrito Policial de Maringá.
“Me senti com um negro no Brasil, um país racista, que tem racismo estrutural nas nossas relações. Nada diferente do que já aconteceu na minha vida. Não é a primeira vez que passei por isso”, disse em entrevista à TV Massa.
O delegado que acompanhará o caso lamentou que o flagrante não tenha sido caracterizado, mas disse que as gravações podem fazer a diferença. “No inquérito a gente vai ouvir as pessoas, a vítima, o noticiado, as testemunhas e a gravação. Ele fez muito bem de gravar. A prova é fundamental e não tem como negar a gravação”, disse Laercio Fahur.
A UME emitiu uma nota oficial em apoio ao psicólogo e garantiu a imediata exclusão da fisioterapeuta do seu quadro de colaboradores.
“Tão logo a Reitoria tomou ciência do ocorrido e da violência sofrida pelo estudante e sua irmã, identificou que a agressora fazia parte da rede de credenciados do Hospital Universitário de Maringá e, imediatamente, ordenou seu desligamento. Esperamos que esse fato lamentável seja investigado e que a responsável por essa atitude criminosa seja devidamente punida conforme prevê a lei”, disse a nota.
A vizinha da vítima pode responder por injúria racial e apologia ao crime, por falar que os negros deveriam ser exterminados.