Os casos de tortura a moradores de rua de Paranaguá, sob o comando do secretário municipal de Segurança, Álvaro Domingues, motivaram a convocação de uma audiência pública. A decisão da realização do ato público saiu ontem, após uma reunião do Conselho Permanente dos Direitos Humanos do Estado do Paraná (Coped). Também participou da reunião o secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazzari que, na última segunda-feira, recebeu do padre Adelir Antônio de Carli, autor das denúncias, fotos e vídeos comprovando os maus-tratos.
Segundo Delazzari, o fato de o secretário municipal ser um ex-policial militar, certamente respeita uma hierarquia e, por isso, ele deve ter obedecido ordens superiores. ?Há inclusive mais envolvidos no caso e vamos acompanhar tudo?, disse. Na semana passada, em reunião realizada na Ordem dos Advogados do Brasil, o padre não poupou o vice-prefeito da cidade, Antônio Ricardo do Santos, a quem aponta como conivente nos maus-tratos.
Segundo o Padre Adelir, o interesse das entidades ligadas às questões dos direitos humanos é fundamental no processo. ?Não se pode admitir que pessoas que deveriam proteger a população cometam atos como forçar moradores de rua a entrarem em um veículo e depois largá-los à própria sorte?, disse o padre.
Na investigação, ficou constatado que eles eram forçados a acatar a ordem dos guardas. Para o secretário da Justiça e Cidadania do Paraná e presidente do Coped, Jair de Braga Ramos, o caso de Paranaguá deve servir de exemplo para que não se repita algo semelhante no futuro. A audiência pública ainda não tem local definido, mas a tendência é de que ela aconteça no Fórum de Paranaguá.