Outro aspecto apontado pela CPI dos Leitos do SUS é a falta de cordialidade e atenção às determinações éticas por parte de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem no atendimento aos pacientes. A Comissão reuniu depoimentos de pacientes que relataram que não ter recebido a atenção necessária, terem sido humilhados ou não tiveram as queixas relacionadas aos problemas de saúde considerados durante o atendimento.

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A conclusão que consta no relatório do trabalho da CPI, segundo o relator da Comissão, Marcelo Rangel, é de que o atendimento à saúde básica é precário, o que acabaria colaborando para aumentar a demanda dos hospitais. “Devido à falta de atendimento algo que era de baixa complexidade vira média e de média se torna alta”, explicou.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Carlos Roberto Goytacaz Rocha, acredita que existem problemas com o comportamento de alguns profissionais, mas que o principal problema seria a falta de investimento em saúde. “Na realidade o que acontece hoje na saúde de modo geral é um descaso das autoridades e falta de investimento.”

Para o presidente do CRM, embora as condições de sobrecarga e problemas estruturais enfrentados pelos médicos possam explicar parte dos problemas na qualidade do atendimento, essa situação não justifica que o Código de Ética seja desrespeitado.

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“O Código de Ética diz que o principal objetivo do médico é a cura do paciente. O profissional precisa atender o paciente de uma maneira ética independente do que ele ganha ou das condições de trabalho que ele tem. Se ele não concorda com estas condições ou não está satisfeito, precisa procurar reivindicar melhorias, melhores salários ou se desligar do local de trabalho. O que não se justifica é tratar mal o paciente ou deixar de fazer tudo o que é possível em função de questões trabalhistas ou da baixa remuneração que o médico aufere”, explicou.

Rocha afirma, no entanto, que é importante que os pacientes também percebam este contexto para que possam reivindicar seus direitos sem culpar o médico por situações pelas quais muitas vezes ele não tem controle.

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O médico também acredita que é preciso que a sociedade compreenda que a medicina é uma profissão e não um sacerdócio. “Sempre se diz que a vida não tem preço, mas ela tem custo. Nós vivemos em um país com grande parte da população pobre e é preciso que o governo tenha uma visão um pouco mais focada na saúde e faça os investimentos necessários com uma gestão adequada”, explicou.

O presidente do CRM afirma que tanto pacientes quanto médicos podem procurar a instituição. Os pacientes podem relatar ao Conselho Regional de Medicina situações em que forem discriminados ou mal atendidos pelos profissionais. Já médicos também podem levar ao Conselho situações em que a estrutura de trabalho não possibilite o cumprimento do Código de Ética.