Os bondes e vagões de locomotivas que atualmente estão em praças públicas de Curitiba podem ganhar novo destino. Um projeto da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), regional Paraná, pretende colocar estas máquinas nos trilhos novamente. Por enquanto, somente o bonde da Praça Tiradentes foi retirado por problemas de depredação. Este equipamento e o da Rua Quinze de Novembro devem passar por reformas.
O diretor administrativo da ABPF, Carlos Dias Correia Augusto, conta que o bondinho da Praça Tiradentes foi retirado há um pouco mais de um mês para restauração, que será realizada pela própria entidade. O pedido foi solicitado pela Urbs porque a máquina estava sendo alvo constante de vândalos. A retirada também tem outro motivo. “Ficamos sabendo que moradores de rua já estavam dormindo embaixo dele e que pretendiam habitar o bonde”, relata Augusto. A associação aguarda a permissão da Urbs para iniciar o trabalho. O diretor espera que a autorização saia daqui a quinze dias, no máximo.
O bondinho da Rua Quinze também vai passar por uma reforma. Ainda não existe uma previsão para que a restauração comece. A ABPF está aguardando a avaliação do orçamento, que gira em R$ 8 mil. A associação também está negociando com órgão públicos para recuperar a locomotiva do Parque Barigüi, que foi parcialmente destruída por um incêndio no ano passado.
Para Augusto, o grande problema das máquinas que estão em locais públicos é a falta de preservação. “É uma vergonha! Merecia outro tratamento”, avalia. Por causa disso, a entidade criou o projeto De Volta aos Trilhos, que pretende defender o patrimônio sujeito às depredações. O objetivo, de acordo com Augusto, é colocar bondes e trens em funcionamento de novo. “Temos condições de dar à máquina uma vida nova”, garante. Segundo ele, os equipamentos também são depenados, já que o bronze é roubado por vândalos e depois vendido. Quando a ABPF firmar parcerias, o que ainda está em negociação, a intenção é fazer um calendário para recolher os trens em todas as regiões do Estado.
Augusto acredita que esta situação prejudica a divulgação de uma cultura. “Parece que querem acabar com as ferrovias e com tudo relacionado a elas”, afirma. Ele conta, inclusive, que os bondinhos das praças de Curitiba não são os mesmos que circulavam pela cidade. Somente o da Praça Tiradentes era usado na cidade. “Sobrou também uma carcaça que está recolhida na nossa oficina”, revela Augusto. “Era um bonde que fazia o trajeto do centro até o bairro do Portão.” A última vez que um uma máquina desta rodou na capital paranaense foi em julho de 1954. A ABPF não tem um projeto que prevê a troca dos bondes das praças por máquinas que eram utilizadas em Curitiba.