Revitalizar o patrimônio histórico ao longo dos 110 km de malha ferroviária de Curitiba a Paranaguá, no litoral do Estado, é o que propõe o projeto que está sendo elaborado pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). A entidade, fundada em 1977 e com sede em Curitiba, pretende acabar com a imagem de abandono transmitida pelas estações ferroviárias e casas antigas existentes ao longo da Serra do Mar.
No total, são seis estações da capital ao litoral: Banhado, localizada após o município de Morretes; Véu de Noiva, entre Banhado e o pico do Marumby; Engenheiro Lange, após o Marumby; Porto de Cima, pertencente ao município de Morretes; Engenheiro Roberto Costa, entre Porto de Cima e Morretes, e Estação de Morretes. Junto a elas, há muitas casas depredadas. São entre quatro ou cinco construções por estação.
Segundo o diretor administrativo regional do Paraná da ABPF, Carlos Dias Correia Augusto, a maioria das casas foi construída em 1943 para abrigar trabalhadores envolvidos nas obras de revitalização da ferrovia. Depois que os trabalhos tiveram fim, as construções foram abandonadas, sendo desgastadas pelo tempo e vítimas do vandalismo. “De algumas só resta o esqueleto. Foram arrancadas portas, janelas e telhas”, afirma.
O projeto prevê o fechamento de todas as portas e janelas das casas, pintura e jardinagem, sendo que atualmente o mato cobre grande parte das construções. “Queremos que a revitalização seja realizada sem que as construções percam suas características originais, o que dará maior beleza à Serra do Mar”, diz Carlos. “No futuro, precisaremos de pessoas que habitem as estações e cuidem da manutenção das obras. Também é importante que seja previsto um controle sobre o número de pessoas que percorrem as trilhas que levam às estações.” A entidade estuda a cobrança de uma taxa dos visitantes. O dinheiro seria utilizado na manutenção das casas, em um Fundo de Amparo da Polícia Floresta le em projetos sociais.
Porto de Cima
A parte mais audaciosa do projeto diz respeito à estação de Porto de Cima, composta por sete casas. No local, a ABPF prevê a construção de um Centro de Pesquisa da Fauna e Flora, para receber a visita de pesquisadores e estudantes. Enquanto o edifício sede da estação abrigaria o centro, onde está prevista a construção de um mini-auditório com trinta lugares, as casas ao redor seriam transformadas em hospedarias.
“A transformação da estação em centro de pesquisas vai trazer uma série de benefícios à população vizinha, inclusive geração de empregos”, prevê o diretor administrativo.
No momento, a associação está à procura de parceiros para a realização do projeto e trabalha no levantamento dos custos das obras. O projeto deve ser oficialmente apresentado à população em duas semanas.