Ficou para este sábado (1º) a decisão sobre a continuidade ou não da greve no sistema de transporte coletivo. A terceira audiência de instrução e conciliação terminou sem acordo entre os representantes de motoristas e cobradores e das empresas de ônibus.

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Depois de exaustivas negociações, os trabalhadores decidem na manhã deste sábado, em assembleia, às 9h na Praça Rui Barbosa, se aceitam ou não a proposta de 9,28% de reajuste, oferecida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9.ª Região (TRT-PR).

A frota integral dos ônibus em Curitiba e Região Metropolitana só voltará às ruas depois que a categoria decidir pelo fim da greve. Enquanto isso, a operação de 50% da frota nos horários de pico e 30% nos demais períodos continua. O sistema de transporte alternativo operado pela prefeitura será mantido.

Além do reajuste, a proposta que será votada pelos trabalhadores mantém a data base no dia 1.º de fevereiro, reajuste de 10,5% na cesta básica e abono salarial de R$ 300,00.

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Os empresários se comprometeram ainda a não descontar os dias parados caso a proposta seja aceita. Deve-se chegar a um consenso até as 15h, caso contrário, a negociação seguirá ao dissídio.

“Agora é levar esta nova proposta aos trabalhadores. O Sindimoc vem desde o final do ano passado tentando uma negociação. Infelizmente tivemos que utilizar da greve para conseguir, no tribunal, sentar e voltar às negociações, ou melhor, começar uma negociação”, disse o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc), Anderson Teixeira.

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Mesmo considerando a proposta “muito aquém da reivindicação feita pelos trabalhadores”, ele já sinaliza uma possível aprovação. “Entendemos que pode ser uma proposta boa, com um ganho real maior que outras categorias”.

A necessidade do fim das negociações de forma amigável foi destacada pela vice-presidente do TRT-PR, Ana Carolina Zaina. A vice-prefeita de Curitiba, Miriam Gonçalves, também manifestou o compromisso de contribuir para que a proposta seja aceita.

Para incentivar um acordo, a Urbs informou que abre mão da multa de R$ 1 milhão pelo descumprimento da determinação judicial que garantia a frota mínima.

Tensão na praça e tribunal

Diferente das outras duas audiências, o clima na sexta-feira (28) estava mais tenso e os ânimos exaltados. O presidente do Setransp, Dante Gulin, chegou a discutir com o vereador Jorge Bernardi, sobre suas declarações a respeito da remuneração dos empresários e os resultados da CPI do Transporte Coletivo.

Ao comentar a situação, Bernardi se emocionou e disse que se sente ameaçado desde o início da CPI, chegando até a usar segurança particular em algumas situações.

O empresário Dante Franceschi rebateu os argumentos do vereador e afirmou que as empresas já solicitaram ao Ministério Público a devolução da concessão do transporte à Urbs.

Sem prever que a audiência se estenderia até o começo da noite, o Sindimoc marcou uma assembleia para as 16h de sexta. Como neste horário a reunião ainda não tinha acabado, os trabalhadores esperaram o desfecho na Praça Rui Barbosa. Depois da audiência, o presidente do Sindimoc foi pessoalmente conversar com os trabalhadores, por volta das 20h.

“Sei que não é o que esperávamos, mas foi uma proposta construída com muito suor”, afirmou. Anderson ressaltou que ontem foi a última rodada de negociações e que o próximo passo seria o dissídio coletivo. Houve vaias e gritos pela paralisação total e pelo dissídio. Uma confusão foi formada durante a reunião com os trabalhadores em um tubo do biarticulado na praça.

Um homem tentou entrar sem pagar e discutiu com a cobradora., “Ele jogou R$ 1 na minha cara e disse que era dinheiro de esmola para a minha família”, relatou a trabalhadora. Os grevistas que estavam próximos saíram em defesa da mulher e a Polícia Militar foi chamada.

Colaborou: Leilane Benetta