Há cincos anos, a jovem Gilmara Rodrigues de Oliveira foi morta em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba. O caso nunca foi solucionado pela polícia. Depois dela, outras 21 mulheres foram assassinadas na região, e quase a totalidade dos crimes ainda continua sem solução. Ontem, o Movimento de Familiares e Amigos de Mulheres Assassinadas em Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul fez uma manifestação em frente à delegacia para pedir providências sobre os assassinatos.
O grupo de manifestantes amarrou as mãos com uma corda para simbolizar que todos os segmentos que deveriam investigar as mortes estão de “mãos amarradas”. A mãe de Maria Isabel Rosa – que foi encontrada estrangulada em 23 de outubro de 1999 -, Elvira Silva Rosa, disse que a situação é um descaso com as famílias. “Tenho certeza que se fosse parente de um político ou delegado tudo já teria sido esclarecido. Mas como se trata de gente humilde não há justiça”, falou. Elvira afirmou que desde que começou a cobrar a solução do crime recebe ameaças por telefone. Ela garante que já registrou isso na polícia, mas ninguém fez nada até agora.
O lavrador Caetano Polli Neto não sabe o que aconteceu com a filha Edivania do Rocio Polli, de 21 anos, que está desaparecida desde 2001. Ele até chegou a ir ao Instituto Médico- Legal para tentar identificar um corpo, mas acredita que não era da sua filha. Caetano tinha esperança que a polícia desvendasse o caso, mas conta que até hoje ninguém tomou nenhuma providência sobre o assunto.
“A alegação que todas as famílias das mulheres assassinadas recebem é sempre a mesma: que não tem pessoal para investigar”, diz Rosalina Kapp, que teve a irmã, Natalina Kapp, morta em abril de 2001. Segundo ela, as famílias não vão permitir que os casos sejam arquivados sem solução. “Queremos sensibilizar as autoridades para não tratar com descaso as famílias que sofrem sem a definição das mortes”, disse.
O secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, informou, através da sua assessoria de imprensa, que as investigações não estão paradas. Ele confirmou que ontem iria se reunir com o delegado de Almirante Tamandaré, Átila Roesler, e o promotor público da cidade, Diego Dourado, para discutir estratégias para agilizar os trabalhos.