Foto: Ciciro Back

Edmilson Gonçalves, o ?Mineiro?, estendeu faixas em frente à sua loja em protesto contra declarações do prefeito.

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Moradores e comerciantes de Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), estão indignados com o descaso da segurança pública na cidade. É que os assaltos continuam um problema habitual na região.

Só este ano, alguns lojistas já foram assaltados até três vezes, gerando um acúmulo não só de prejuízos, mas também de medo. Isso porque os assaltos sempre vêm acompanhados de diversas ameaças. Uma criança de cinco anos, filha de uma comerciante, chegou a ter uma arma apontada para sua cabeça durante uma das ações dos bandidos.

Os comerciantes estão considerando a situação grave. Anteontem, uma relojoaria e papelaria localizada em um centro comercial próximo à Prefeitura de Fazenda Rio Grande foi assaltada. Até clientes que estavam no local, entre eles um senhor de 72 anos, foram roubados e agredidos. O proprietário da loja, que preferiu não se identificar, contabilizou quase R$ 5 mil em prejuízos.

O comerciante Edmilson Gonçalves, conhecido como ?Mineiro?, dono de uma loja no bairro Eucalipto, também tem do que reclamar. Em menos de uma semana sua loja sofreu dois assaltos: uma vez na última sexta-feira e outra na última segunda-feira. Os roubos lhe deram um prejuízo de R$ 1,5 mil. ?Isso sem contar os outros assaltos que já sofremos aqui. Já foram nove nos seis anos da loja. Já devo ter perdido uns R$ 20 mil no total?, calcula.

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Mineiro chegou a espalhar faixas de protesto em frente à sua loja, ironizando uma declaração recente de um político local de que ?a segurança na cidade é dez?. ?Só se for uma desgraça?, completa o lojista, acrescentando que sabe que o assunto não é de responsabilidade direta da Prefeitura. ?Mas quando o prefeito dá uma declaração dessas, o governo acaba fechando os olhos para a cidade.?

Barbárie

Mas o caso que mais espanta, pela ousadia dos bandidos, é o da comerciante Janete de Oliveira, dona de uma loja de presentes que já foi assaltada três vezes desde o começo do ano. No primeiro deles, enquanto sua funcionária juntava o dinheiro e as mercadorias para entregar ao assaltante, este manteve sua arma apontada para a cabeça da sua filha de cinco anos. ?Ela está traumatizada até hoje. Se entra um rapaz desconhecido na loja, ela foge para o escritório. Acho até que ela vai precisar de um psicólogo para superar tudo isso?, diz.

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Outro problema, confirmado pelos comerciantes, são as ameaças dos assaltantes. Na maioria dos assaltos, a ordem é a mesma: não denunciar a ninguém. ?São assaltos parecidos, dá impressão que é sempre o mesmo grupo?, pondera Mineiro. Ele também reclama que a polícia chega sempre tarde demais, depois que os bandidos já fugiram. ?E não existe nenhum trabalho de prevenção, nenhuma ronda para afugentar esse pessoal.?

PM afirma que faz o que pode

Apesar das ameaças dos bandidos, a polícia julga ser de grande importância que a população denuncie e reporte as ocorrências. O subcomandante do 17.º Batalhão de Polícia Militar, major Antônio Carlos Fernandes, explica que a intensidade do policiamento em cada local é definida com base nas estatísticas geradas por essas informações, dadas pela população.

Fernandes ressalta que a polícia está fazendo o que pode. ?O policiamento tem se intensificado e também está sendo reforçado na região?, diz. ?Nosso objetivo é que a população sempre sinta a presença da polícia.? Desde o mês passado, quando foi denunciado que havia apenas uma viatura operando na cidade, mais dois carros chegaram – um que estava em conserto e outro, novo.

Sobre as rondas, o major explica que nem sempre podem ser feitas, já que muitas vezes as viaturas estão sendo usadas nos locais das ocorrências. ?Não podemos estar o tempo todo em todos os lugares?, diz. ?E os marginais sabem disso e se deslocam para cometer os crimes onde a ronda não está.?