Problemas

As dificuldades de se viver em áreas de risco

Após a chuva forte e quase ininterrupta da semana passada, o clima mais seco está sendo um alívio para as famílias que vivem em 117 áreas de Curitiba, classificadas como sujeitas a inundações.

Realocar as pessoas que vivem nas margens dos rios e reduzir os riscos de alagamentos nessas regiões são dois grandes desafios para a administração municipal. Mas, apesar dos investimentos nos últimos anos, milhares de curitibanos ainda perdem o sono sempre que nuvens mais escuras cobrem o céu.

Segundo dados da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), atualmente 56 áreas com risco de inundação estão sendo alvo de realocações e urbanização.

Desde 2009, 4.936 famílias trocaram essas regiões por novas unidades em conjuntos habitacionais. Outras 2.005 casas estão em obras e 1.113 em fase de contratação.

Em paralelo aos reassentamentos, a cidade tem ambicioso plano de combate às cheias, com obras de limpeza e perfilamento de rios, bacias de contenção e construção de galerias. Esses projetos estão previstos no Plano Diretor de Drenagem de Curitiba, elaborado para nortear as ações da prefeitura na área.

“Temos R$ 650 milhões no orçamento deste ano para esses projetos, que recebem recursos do governo federal através do PAC 2”, diz o diretor do Departamento de Pontes e Drenagem da Secretaria Municipal de Obras, Wilson Machado.

Perigo

As áreas com risco de inundações estão nas bacias de seis grandes rios da cidade: Iguaçu, Barigui, Passaúna, Belém, Atuba e Ribeirão dos Padrilhas.

Obra parada há um ano

Daniel Derevecki
Conclusão no ano que vem.

Além dos moradores que irão se mudar para outros pontos da cidade, a Vila Bom Menino está recebendo novos conjuntos habitacionais dentro da comunidade. Dez sobrados já foram entregues e há previsão de outros 34. Mas moradores do local dizem que as obras estão paradas há cerca de um ano e já começam a apresentar sinais de deterioração.

O Paraná Online visitou o local e encontrou o canteiro de obras praticamente abandonado. Junto ao esqueleto de oito sobrados, não havia máquinas ou homens trabalhando.

“Está tudo parado já faz tempo. É triste, porque tem bastante gente vivendo em situação precária e o que foi gasto aqui pode estar se perdendo. Já fizemos até protesto, mas não adiantou”, diz um morador, que preferiu não se identificar.

A Cohab nega que as obras estejam paradas. Segundo a companhia, a empresa responsável alegou dificuldades para a contratação de mão de obra e teria reduzido o ritmo do empreendimento. A previsão é que o trabalho seja retomado em até 15 dias, com prazo de conclusão até o final do primeiro semestre de 2014.

Água ameaça 16 mil casas

Maior e mais populosa, a bacia do Barigui abriga cerca de 16 mil casas ameaçadas pelas água. Entre elas, está boa parte das habitações da Vila Bom Menino, no Mossunguê.

Apontada como uma das favelas mais antigas cidade, com mais de 40 anos, a vila está entre os locais com projetos de realocação em andamento. “Desde 2009 estamos na expectativa para mudar. Aqui é muito complicado. Quando chove, nem consigo dormir de preocupação. Já tentei fazer calçada mais alta, mas não adianta muito. O negócio é torcer para que não chova demais e a casa nova fique pronta logo”, diz a moradora Maria de Fátima Gonçalves.

A Bom Menino está entre as 25 vilas onde 457 famílias que devem participar nesta semana de reuniões com a prefeitura, como preparativos para a mudança para ,novos conjuntos habitacionais construídos no Ganchinho.

Também serão transferidos para lá moradores das vilas Ulysses Guimarães, 23 de Agosto, Campo Cerrado, Atuba, Ipiranga, Belo Ar, Bons Amigos, Barracão, Parque Náutico, Icaraí, Cristo Rey, Pantanal, Parolin, Alto Barigui, Uberlândia, São Carlos, Henry Ford, Umbará, Landau, Menino Jesus, Ferrovila e Vila Nova I e II.

Lineu Filho
Uma das favelas mais antigas está no Mossunguê.
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