Artistas reivindicam lei para a atividade circense

Nem só de risos e palhaçadas vive o circo. Apesar do espírito lúdico, os artistas circenses enfrentam muitas dificuldades, principalmente pelo pequeno incentivo por parte da iniciativa privada e do governo. O desabafo é de Edlamar Zanchettin, 44 anos, da terceira geração da família circense Zanchetini.

Ela e a irmã, Erimeide, passaram os três últimos anos reunindo e estudando as leis relacionadas ao circo em diferentes países, como o Canadá, Rússia, França e Itália. O resultado foi a elaboração de um anteprojeto de lei, escrito pelo jurista Carlos Frederico Marés de Souza, que define com clareza a identidade da atividade circence. O documento foi entregue pelas irmãs ao ministro da Cultura, Francisco Weffort, há cerca de quinze dias.

“O objetivo é que seja feita uma legislação, e que se crie uma identidade própria para o circo”, explica Edlamar. Ela conta que o atendimento é diferenciado quando se trata de atividade circense. “Na hora de pagar impostos, o circo é tratado como empresa. Mas na hora de conseguir um financiamento ou um crédito, é circo, e os bancos não concedem”, reclama. “Não queremos proteção, mas algo que seja viável à nossa realidade.”

De acordo com Edlamar, o problema maior são as altas taxas de impostos, que comprometem até 80% do lucro dos artistas. “Com a Lei de Responsabilidade Fiscal, quando o circo chega à cidade, querem logo `arrancar nosso couro,” denuncia, relatando que há cidades em que a apresentação circense se torna inviável. “É o caso de Pato Branco. Os impostos eram tão altos, que não valia a pena montar o circo na cidade.” Segundo Edlamar, as despesas com uma semana de circo giram em média de R$ 5 mil. “Em Francisco Beltrão, as despesas foram quase de R$ 16 mil, para três semanas de apresentação. Com lucro de R$ 22 mil, o que sobrou foi R$ 6 mil, para pagar 42 pessoas, entre artistas e técnicos, manter quatro caminhões, um ônibus, oito carretas, uma camioneta e três carros pequenos.”

Mesmo com todas as dificuldades, Edlamar conta que a família não pretende abandonar a atividade circense. “Nós amamos o circo de verdade. Se fosse apenas pelo dinheiro, estaríamos empregados em outro lugar”, confessa. Edlamar e os nove irmãos nasceram e cresceram no circo. Sua mãe, de 73 anos, foi criada também entre mágicos e palhaços. “É gratificante a vida no circo, apesar das durezas. Mas as dificuldades quem impõe é o governo.”

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