Lucimar do Carmo / O Estado do Paraná |
Para Waldomiro, 74 anos, a pintura de peças em gesso é uma forma de distração. |
Pacientes vítimas de hanseníase (doença também conhecida como lepra) em tratamento no Hospital São Roque, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, estão conseguindo superar dificuldades e combater a depressão através da arte.
Há cerca de quinze anos a instituição incentiva seus pacientes a trabalharem com artesanato. Atualmente, eles pintam peças em gesso, fazem panos de prato, esculturas com materiais recicláveis, almofadas, vasos com flores artificiais, ímãs de geladeira e outros enfeites. “É uma forma de eles aprenderem um ofício e terem a perspectiva de ganhar algum dinheiro no futuro, quando deixarem o hospital”, comenta a técnica especialista do São Roque Tânia Maria do Nascimento. “Além disso, o artesanato permite que eles sejam valorizados como pessoa e adquiram cidadania.”
Os artigos produzidos pelos pacientes são vendidos ao público externo, todos os domingos, das 14h às 16h, em uma sala dentro do próprio hospital. O dinheiro arrecadado é utilizado para a compra de novos materiais, como tinta e fio.
Pacientes
O paciente Waldomiro Araújo Miranda, de 74 anos, está internado no hospital desde 1982. Ele sempre se interessou por artesanato e trabalha na pintura de peças em gesso. Para ele, a arte é uma forma de distração. “Quando não pinto, o tempo demora a passar”, comenta.
Uma casinha de boneca construída com mil caixinhas de leite é o resultado do trabalho coordenado pelo paciente Paulo Sérgio de Oliveira. O trabalho levou quatro meses para ficar pronto e está sendo rifado (cada rifa custa R$ 2). “Estou há nove meses no hospital. Se não fosse o trabalho com artesanato, eu não agüentaria ficar tanto tempo”, diz.
Já o paciente Bento Pereira, de 64 anos, faz cachecóis de lã e é bastante valorizado por sua generosidade. A maioria dos cachecóis é feita para ser dada de presente a outros colegas internados. “Não cobro nada e nem vou cobrar. Dou os cachecóis de presente e espero que todos gostem”, conta. Bento leva cerca de quinze dias para fazer um cachecol.
O hospital São Roque existe há 77 anos e atualmente atende cem pacientes, sendo oitenta internos.