Pichação é crime, grafitagem é arte. Essa é a máxima que alunos da Escola Municipal Moradias do Ribeirão e garotos da comunidade da Cidade Industrial de Curitiba estão aprendendo através de um projeto desenvolvido pela diretoria da escola e pela Igreja Batista.
A idéia do trabalho surgiu em julho, quando a escola, que estava pichada, foi toda pintada. ?Nós íamos pintar o muro também, mas como ele era constantemente pichado, decidimos abrir espaço para a grafitagem?, diz a diretora da escola, Consuelo Moreira Sá. Junto com o trabalho dos grafiteiros, outras atividades passaram a ser desenvolvidas desde julho. ?A arte do grafite está inserida no movimento hip-hop. Agora temos banda e atividades com o skate?, diz a diretora.
A concepção do projeto teve a parceria da Igreja Batista, que já atuava no bairro e estendeu o trabalho à escola. O sucesso na tentativa de tirar os jovens do caminho da pichação e torná-los mais conscientes foi tão grande que a Prefeitura de Curitiba pediu que fosse feito um projeto extensivo a jovens de toda a cidade. ?A idéia é levar o conceito de trocar pichação por grafite, evitando que os jovens desrespeitem a lei?, diz o pastor José Carlos Fermino Ribeiro. A intenção não é apenas evitar que os adolescentes pichem os muros do bairro, mas também afastá-los das drogas.
Apesar do frio na manhã de ontem, potencializado pela garoa típica do clima da capital, cerca de 50 garotos foram colocar em prática a arte aprendida no projeto, pintando e grafitando o muro da escola. O encontro teve a supervisão de Henrique Bombazar, o Veione, um dos grafiteiros mais conhecidos na Cidade Industrial. ?O grafite é uma forma legalizada de expressar o pensamento nos muros. Isso porque antes de qualquer trabalho pedimos autorização para o dono do muro?, diz Veione, que confessa já ter sido pichador.
O adolescente Jeferson Silva, um dos mais animados com as latinhas de spray, também diz que já fez pichações no bairro, mas que agora só faz grafite. ?A iniciativa da escola foi muito bacana para nos conscientizar?, avalia.