A Secretaria de Obras Públicas (Seop) recebeu com surpresa o pedido de cancelamento da licitação para execução dos projetos para Reforma e Recuperação do Palácio Iguaçu, conforme notícia publicada nesta segunda-feira (29) por um jornal de Curitiba. Segundo o diário, um grupo de arquitetos e professores da cidade pretende impedir a licitação.
O coordenador do curso de Arquitetura da Universidade Positivo, Orlando Ribeiro, apontado como um dos líderes do grupo, foi recebido em 28 de março na Seop, com outros arquitetos. Eles receberam cadernos impressos com o levantamento arquitetônico e a proposta do anteprojeto.
O edital de licitação inclui o anteprojeto da Seop, que servirá de referência na execução do projeto arquitetônico e dos detalhamentos. A empresa vencedora da licitação terá 120 dias para execução do trabalho. A abertura dos envelopes está marcada para 9 de outubro, às 14 horas, na sede da Secretaria.
“O questionamento da comissão parte do princípio de que o projeto da reforma já está definido, o que não é verdade. Me parece muito claro que a questão é política. Inviabilizando a licitação dos projetos, atrasaremos o início das obras e não será possível inaugurar a obra” afirma o secretário de Obras Públicas, Julio Araújo Filho.
“Hoje, às vésperas da abertura da licitação para execução dos projetos, causa estranheza ver integrantes dessa mesma comissão dizer que as sugestões não foram ouvidas. Além disso, o projeto executivo de arquitetura, que trará as soluções finais e o detalhamento da reforma, bem como os projetos complementares de engenharia, são justamente o objeto da licitação que se fala em cancelar. Todos os arquitetos e engenheiros interessados podem participar da concorrência”, explica o arquiteto Edson Klotz, coordenador de Projetos Especiais da Seop.
Desde junho de 2007, os arquitetos da Secretaria trabalham no levantamento das necessidades de reforma do Palácio Iguaçu. Uma empresa foi contratada para executar o laudo estrutural, e o anteprojeto de reforma e recuperação foi amplamente discutido.
Em 17 de março de 2008, o secretário de Obras Públicas, Julio Araújo Filho, apresentou o anteprojeto ao governador Roberto Requião. “Trata-se de uma apresentação prévia. Esse edifício é patrimônio de todos os paranaenses. Então, havendo alguma dúvida, alguma sugestão do Instituto de Arquitetos, de arquitetos isolados, dos professores das universidades da área, nós receberemos as sugestões com muito bom agrado”, disse à época Requião.
A intenção da reforma é dar ao Palácio Iguaçu o aspecto previsto no projeto original, elaborado pelo aquiteto David Xavier Azambuja. A área envidraçada do edifício era prevista deveria ser verde-clara. Como, à época, esse vidro não era fabricado no Brasil, custava muito caro. Uma grande geada que atingiu o Paraná durante a construção do edifício causou dificuldades econômicas para o Estado e terminou por definir o uso de vidro comum. As diferenças em relação à concepção definida pelo arquiteto acentuaram-se ao longo dos anos, à medida que o edifício foi reformado e adequado a novos usos.