Capaz de se comunicar através da linguagem dos sinais e da leitura labial, Wilson, como padre, poderá celebrar missas tanto para pessoas com deficiências auditivas quanto para ouvintes, com ajuda de tradutor. ?Vou falar tanto aos surdos quanto às pessoas que ouvem. Muitas pessoas da comunidade já estão acostumadas com a minha linguagem e não têm dificuldades em entender minhas mensagens?, afirma.
Tendo iniciado discernimento vocacional em 1999, Wilson atuou na Pastoral dos Surdos de Curitiba e, em 2000, ingressou no Seminário Filosófico Bom Pastor.
Ele conta que, como seminarista, sempre contou com o apoio dos colegas, que muitas vezes lhe traduziam aulas. Porém, fora do seminário, seu maior desafio sempre foi superar preconceitos. ?Algumas pessoas confundem deficiência com incapacidade. A missa não deixará de ser missa porque será realizada por um padre surdo. É preciso somente que as pessoas tenham um ouvido paciente para ouvir a minha voz?, diz. O último padre surdo profundo a ser ordenado foi monsenhor Vicente Burnier, em 1951, em Juiz de Fora (MG). Atualmente com 84 anos, ele foi o primeiro sacerdote surdo do Brasil e o segundo do mundo. O primeiro do mundo foi o francês Jean de La Fonta, em 1921. Também existem padres natisurdos nos Estados Unidos, Coréia e África do Sul.
