Foto: Cíciro Back/O Estado

Segundo Carlos Eduardo, da UTFPR, instituição está atenta às novidades do mercado, como por exemplo, a área de automação.

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Desde que a Revolução Industrial modificou o sistema produtivo do mundo, a partir da segunda metade do século XIX, a evolução nas fábricas é constante. Não é à toa que a área tecnológica mantém um crescimento progressivo, exigindo constantemente novas capacitações profissionais. Com o surgimento da informática, que se uniu aos sistemas tecnológicos, as especializações são ainda mais aprofundadas. A cada ano, surgem novos cursos na área de tecnologia, seja visando sistemas industriais ou de informação, atendendo aos interesses de mercado.  

A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), referência na área de tecnologia, está sempre atenta às tendências do mercado e só para o ano que vem oferecerá dez cursos novos de graduação em engenharia, distribuídos nos campi de Curitiba (Computação e Industrial Elétrica com ênfase em Automoção), Cornélio Procópio (Industrial Elétrica com ênfase em Eletrotécnica e Industrial Mecânica), Medianeira (Produção Agroindustrial), Pato Branco (Industrial Elétrica, Produção Civil e Produção Eletromecânica) e Ponta Grossa (Produção em Mecânica).

Segundo o pró-reitor de ensino e educação profissional da UTFPR, Carlos Eduardo Cantarelli, a instituição está sempre atenta às demandas de cada área. ?Elas são bem regionalizadas. O estado é grande e cada região tem uma economia direcionada a cada setor?. Ele explica que é comum, antes da implantação de um novo curso, uma ampla pesquisa com o mercado local -setores de indústria, comércio e agricultura – e professores. ?É um conjunto da análise das necessidades do setor produtivo e demandas da sociedade. Uma vez constatado um bom mercado para os profissionais, trabalhamos para a instalação do curso?. Neste trabalho, a instituição tem que respeitar a disposição do corpo docente que, por ser uma universidade pública, não pode contratar profissionais indiscriminadamente. ?Temos que respeitar a nossa estrutura. Se ela comporta novos cursos, abrimos?.

 
Foto: Valquir Aureliano/O Estado

Graduação nos cursos de engenharia abrange uma grande possibilidade de trabalho, seja na aviação ou na mecânica em geral.

Dos novos cursos de engenharia, alguns chamam a atenção, como o de Produção Agroindustrial, em Medianeira, direcionado à gestão operacional do agronegócio, com capacitação para atuar em indústrias ligadas ao setor agropecuário. A área de automação, que visa os sistemas produtivos das indústrias, onde as máquinas avançadas substituem os trabalhadores que exercem atividades insalubres nas fábricas, também são muito procurados.

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Além dos cursos de bacharelado, a UTFPR também oferece cursos superiores tecnológicos, que também atendem à demanda na área de tecnologia, sejam nas indústrias ou nos sistemas operacionais das empresas.

Mecatrônica exige esforço redobrado

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No próprio nome, o curso superior de Engenharia Mecatrônica já diz a que veio: trata-se de uma junção das tradicionais engenharias mecânica e elétrica, com uma boa dose de eletrônica e ciência da computação. O objetivo do curso é capacitar os profissionais para o trabalho nos sistemas de automação das indústrias, que cada vez mais investem em tecnologia, criando sistemas complexos de operação de produção. O curso surgiu há quinze anos na Universidade Federal de Santa Catarina, e no Paraná a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) é a única instituição de ensino superior que disponibiliza o curso.

Segundo o diretor do curso na PUCPR, Eduardo Alves Portela, a concepção do curso ganhou muita força com a implantação das grandes montadoras de automóveis em Curitiba e Região Metropolitana. ?Foi o empurrão que faltava para que passássemos a oferecer o curso, criado em 1998?, diz o professor. Porém, não é exclusivamente neste setor que o profissional formado em mecatrônica pode atuar. ?A área de atuação é ampla, mas geralmente ligada à indústria e à linha de produção?, explica Portela.

Com ampla área de atuação, o diretor garante que o mercado é muito bom e que justamente por isso, a universidade passa a disponibilizar, no ano que vem, o curso também no período noturno, somando com a turma da manhã 120 alunos no total. ?Uma mostra de como o mercado precisa desses profissionais é a oferta de estágio. Há mais vagas do que estudantes para preenchê-las em empresas como a Bosch?, destaca.

Porém, nem tudo são flores na Mecatrônica, cuja mensalidade gira em torno de R$ 1.100,00. O curso exige muito estudo e muito esforço. ?Os estudantes costumam achar que o mais difícil é passar no vestibular, mas durante o curso, eles vêem que o curso em si é muito mais complicado?, afirma.

Universidades abrem espaço para profissionais da aviação

Foto: Cíciro Back/O Estado

Mauro: ?Muitos alunos?.

Muitas pessoas podem não saber, mas até pouco tempo atrás não se dava preferência a pilotos com nível superior de ensino, mesmo porque há quinze anos sequer existiam esses cursos. Tanto é verdade que na frota comercial brasileira, 70% dos profissionais que conduzem as aeronaves ainda têm apenas o segundo grau completo, apesar da grande renovação ano a ano.

Esses números são conseqüência direta da falta de acesso aos cursos superiores de aviação, que hoje no Brasil são ministrados em 15 instituições. O precursor está em Porto Alegre, mas o que reúne o maior número de alunos está em Curitiba, na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Lançado em 1999, hoje as salas de aulas têm 480 discentes e estudantes de todo o país.

?Temos muitos alunos do Mato Grosso, Santa Catarina e do Pará. Eles vêm fazer o curso, porque a cada dia as empresas aéreas se tornam mais exigentes na contratação de pessoal, além de ser um mercado competitivo?, diz o coordenador dos cursos superiores de tecnologia em Pilotagem Profissional de Aeronaves, Gestão da Aviação e Manutenção de Aeronaves, Mauro Martins.

Ele explica que a mudança da postura das empresas ao exigir uma maior formação de seus pilotos está ligada à questão de ampliar os horizontes. ?As empresas se modernizaram e não se contentam mais apenas com um profissional que saiba apenas pilotar. Ele tem que ter uma visão mais global de sua àrea de atuação?.

A nova exigência, que criou um novo perfil de profissional, somada ao crescimento acelerado do setor de aviação, torna o mercado tanto para novos pilotos quanto para mecânicos de aeronaves bastante atraente. Segundo Martins, o setor da aviação cresce aproximadamente quatro vezes mais que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. ?Estima-se que nos próximos 20 anos, mil novas aeronaves estejam no mercado, com capacidade para 100 passageiros cada uma?.

Se para os homens o mercado já se mostra atraente, para as mulheres ele é ainda mais. Em uma nova proposta de inclusão feminina, as empresas têm procurado mais mulheres para o próprio quadro. ?É uma tendência internacional. A Lufthansa (empresa alemã), por exemplo, já tem 20% do quadro de pilotos do sexo feminino?, ressalta Mauro.

Porém nos bancos da UTP, o número de mulheres ainda é pequeno. No curso de mecânica, dos 130 alunos, há apenas uma representante do sexo feminino. No curso de pilotagem, elas já são 5%. ?Hoje, uma mulher que faz um dos cursos de aviação, está praticamente dentro do mercado?, completa.

Cursos disponíveis

A Tuiuti oferece no campi Bacacheri, que fica dentro do Aeroporto do Bacacheri, os cursos superiores técnicos de Pilotagem Profissional de Aeronaves, Gestão de Aviação Civil e Manutenção de Aeronaves. Cada um deles têm a duração de dois anos e permitem que o estudante dê seqüência às especializações de gerenciamento de Empresa e Manutenção e Ciências Aeronáuticas, com ênfase em Marketing.

Papel importante nas redes de comunicação

Com a implantação da TV digital no Brasil, o profissional habilitado para o trabalho com redes de comunicação ganha um papel ainda mais importante. Segundo o professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Luiz Augusto Lima, a intenção de abrir o curso de Engenharia de Redes de Comunicação já existia há algum tempo, mas ganhou força com a regulamentação da TV digital. ?Já havíamos delimitado as abordagens do curso e decidimos oferecê-lo a partir de 2007, pois os professores de outros cursos de engenharia são capacitados para a área?, diz Lima, que é o diretor do curso.

Um profissional formado após cinco anos de dedicação ao curso, encontra mercado, não só no setor de telecomunicações e comunicação digital, como também na área de serviços como transações financeiras, telemedicina (muitos procedimentos médicos hoje são feitos com o auxílio da informática) e até mesmo o setor de entretenimento, com a criação de jogos eletrônicos. ?É uma área de ampla atuação e um mercado muito promissor?, afirma Lima. A primeira turma de Engenharia de Redes de Comunicação abre no ano que vem, com 60 vagas no período matutino. A mensalidade custa R$ 980.

Tecnológico

A Uniandrade oferece a partir do ano que vem, um curso menos aprofundado na área de informática, mas que também tem um bom mercado em vista. Trata-se do curso superior tecnológico em jogos digitais, que terá duração de dois anos e meio, por não se tratar de um bacharelado.

Porém, o coordenador do curso, Edson Machado, adianta que o curso exige muita dedicação. ?Não basta apenas o aluno adorar jogos eletrônicos para fazer o curso. Exigiremos uma boa base de ciência da computação à turma, o que exige empenho nos estudos?, adianta o professor. Apesar de direcionado ao atraente mercado de jogos digitais – Curitiba é um dos líderes do setor no Brasil e cria jogos para todo  mundo, o aluno do curso sai com noções boas sobre programação visual. O processo seletivo para o curso de jogos digitais acontece ainda este ano, no vestibular de verão da Uniandrade.