Foto: Lucimar do Carmo

PM justificou efetivo em função do grande número de pessoas.

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As cerca de 1,5 mil pessoas que ocupavam há uma semana uma área no bairro Campo Comprido, em Curitiba, deixaram o local ontem pela manhã, por força de uma ordem de reintegração de posse obtida na Justiça por um dos proprietários do local. Mais de 200 policiais militares acompanharam a retirada, que se estendeu até o início da tarde. Os invasores afirmaram que foram pegos de surpresa e que iriam recorrer da decisão. Ameaçaram também acampar em frente à Prefeitura de Curitiba, mas não cumpriram a promessa. A solução provisória foi posicionar os barracos na parte de fora do terreno, ao lado da rua.

A decisão de reintegração foi expedida no final da tarde de quarta-feira pelo juiz Sérgio Jorge Domingos, da 22.ª Vara Cível de Curitiba, a pedido da Triunfaz Construções e Incorporaões Ltda, proprietária de grande parte da área, estimada em 100 mil metros quadrados. Dois oficiais de justiça entregaram a liminar por volta das 10h. Eles chegaram à área acompanhados pela polícia, que reuniu no local equipes da Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (Rotam), Choque, Batalhão de Trânsito, Cavalaria, Canil, além de mais de 50 viaturas, entre carros, motos e até um helicóptero. O comandante da operação, o capitão do 12.º Batalhão da PM, Davi Altino de Jesus, justificou que todo esse efetivo foi necessário em função do grande número de pessoas que estavam no local.

Alguns invasores queriam resistir e permanecer na área. Diante do impasse, a polícia deu meia hora para que se decidissem e alertou que, caso resolvessem permanecer no local, seriam retirados à força. O assessor do governador Roberto Requião, pastor Carlos Lima, chegou em seguida e orientou os invasores a cumprirem a ordem judicial. ?Acho que vocês devem sair senão a polícia vai entrar. Como vocês estão sem liderança, o jeito é organizar a saída, pegar um advogado e contestar o documento?, disse Lima. Foi então que as famílias resolveram sair, garantindo que iriam para a frente da Prefeitura. Carlos Lima negou que tenha orientado a nova ação. ?Não tenho nada a ver com isso. É decisão deles?, falou.

Aos poucos, sob o olhar cuidadoso dos policiais, as famílias foram saindo do terreno, carregando lonas, barracas, colchões, foices e enxadas. Reginaldo de Moraes garante que estava na área desde a semana passada e resolveu se aventurar na esperança de conseguir um lugar para o filho morar. ?Sou portador do vírus HIV e ninguém me dá emprego, por isso não ganho nem para pagar um aluguel?, reclamou.

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Na pressa de deixar o terreno, Michele Mota acabou perdendo a filha Camila, de dois anos. Desesperada, pediu ajuda ao policias, que não se comoveram com a situação. Só com a chegada da imprensa é que um dos PMs resolveu acompanhar a mulher, que encontrou a menina na frente da área. Michele, que também chegou na invasão há uma semana, afirma que continuará lutando pela moradia, pois hoje ocupa um cômodo da casa dos pais, onde moram sete adultos e oito crianças.

Após a desocupação, a Triunfaz disponibilizou um caminhão para retirar objetos deixados pelos militantes no terreno. Hoje, o local será novamente cercado. O advogado da empresa, Luiz Fernando Dietrich, solicitou ainda à Prefeitura uma vistoria no local para verificação dos danos ambientais.

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