Representantes da empresa Araupel protocolaram ontem em Quedas do Iguaçu, na região Sudoeste do Paraná, um pedido de reintegração de posse da área de reflorestamento de pinus localizada na fazenda da indústria, e invadida na madrugada de sábado por cerca de 100 pequenos agricultores. A área tem aproximadamente 2 mil metros quadrados. Caso os invasores insistam em permanecer no local, o uso da força policial poderá acontecer.
Ontem à tarde, o advogado da Araupel Paulo Macarini participou de uma reunião na Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), em Curitiba, onde apresentou a situação para o secretário. A assessoria da Sesp informou que nenhuma medida será tomada enquanto o pedido de reintegração não for concedido à empresa, o que deve ocorrer na tarde de hoje.
O advogado da Araupel disse que os trabalhos de extração não foram prejudicados e prosseguem normalmente. “A empresa não paralisou os trabalhos e esperamos que a reintegração ocorra sem maiores problemas”, diz Macarini.
O local invadido é uma área de reflorestamento de pinus, de onde é feita a extração de madeira. Os invasores, que se instalaram em um alojamento dos funcionários, não têm ligação com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo alguns funcionários, eles seriam do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Quedas do Iguaçu. A reportagem entrou em contato com a entidade, mas não obteve retorno.
A Araupel é a maior exportadora brasileira de molduras, painéis e componentes para a construção civil. Ela tem cerca de 1.700 funcionários. A área de manejo se estende, além de Quedas do Iguaçu, a Espigão Alto do Iguaçu, Rio Bonito do Iguaçu e Nova Laranjeiras. Os pequenos agricultores cobram a sua participação no projeto de reforma agrária a ser implantado na fazenda pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/PR).
O Incra informou que, desde janeiro, a fazenda vinha sendo avaliada pelo governo federal e que, nos próximos meses, um projeto de assentamento deve ser implantado no local. No entanto, serão 25 mil hectares ocupados por famílias do MST. A área total da empresa abrange cerca de 53 mil hectares.
De acordo com o superintendente do Incra/PR, Celso Lacerda, 1.500 pessoas deverão ser assentadas no local e, mesmo assim, outras 700 deverão ficar de fora dessa leva. Ele informou que a área foi disponibilizada para venda em agosto do ano passado. “Não vou mentir, dizendo a essas pessoas que invadiram o local que elas serão assentadas. Isso é impossível, não há como prometer algo que não dá para cumprir. O nosso trabalho será feito com as famílias cadastradas, e serão beneficiadas cerca de 1,5 mil pessoas que vão ocupar os 25 mil hectares. O restante vai ter que deixar o local”, explicou.
Condição
Celso ressaltou ainda que, se parte do reflorestamento fosse aberto, novas famílias poderiam ser assentadas. De acordo com o Incra, existem hoje no Estado cerca de 15 mil famílias esperando terras. Para este ano, informou Lacerda, somente 3 mil serão contempladas. “Não estou enganando ninguém. Dependemos de novas terras para poder assentar mais pessoas. Mas, por enquanto, não podemos fazer nada”, declarou.