A máquina do Totobola foi
apreendida ontem à tarde.

O Instituto de Criminalística do Paraná vai periciar a máquina “bingueira” onde eram realizados os sorteios do Totobola, assim como os softwares responsáveis pela execução do sorteio. Na tarde de ontem, o juiz Pedro Sanson Corati, da Vara de Inquéritos Policiais, autorizou a busca e apreensão da máquina e dos computadores que estavam lacrados desde o último dia 19, num estúdio na produtora Soft-Cine e Vídeo, onde os sorteios eram gravados, no bairro Parolin, em Curitiba. A operação foi realizada por policiais do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) e acompanhada por integrantes da empresa Kolmac Administradora de Eventos Ltda, responsável pela loteria, e pelo diretor do Instituto de Criminalística, Ari Ferreira Fontana.

Fontana afirmou que não tem data certa para que seja concluída a perícia. Ele disse que anteriormente o instituto já havia feito perícias em máquinas caça-níquel. “Não tenho como prever o quanto tempo vai levar. Para periciar uma máquina caça-níquel, por exemplo, levamos no mínimo um mês. No caso do Totobola não acredito que tenhamos resultado num tempo menor que esse”, disse.

A representante da empresa, Janine Thiesel, disse que a Kolmac só irá se pronunciar após a conclusão da perícia.

Perícia prévia

Ontem pela manhã, o secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, apresentou o resultado do segundo laudo da perícia prévia feita na máquina “bingueira” do Totobola.

Na análise foi constatado que, durante os sorteios, as bolas permaneciam fora do campo de visão das pessoas em dois momentos: quando entravam em um tubo metálico e num compartimento superior da máquina. Também foi verificada a presença de códigos de barras nas bolinhas, permitindo que um computador conectado à máquina pudesse escolher os números das cartelas premiadas.

Sem licitação

Segundo Delazari, o Totobola começou a funcionar no Estado há cerca de um ano e meio, mediante um contrato de R$ 10 milhões fechado com o Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar), órgão estadual que deveria fiscalizar o jogo. “Vamos investigar os antigos integrantes do Serlopar que realizaram o contrato, pois ele foi fechado em trinta dias e sem procedimento licitatório”, informou. “Há indícios de que no Rio Grande do Sul o sistema começou a funcionar depois que seu proprietário, Mário Alberto Charles, subornou o presidente da loteria federal em R$ 3 milhões. Há suspeitas de que o mesmo possa ter ocorrido no Paraná.”

Mário Charles deve prestar depoimento hoje ao delegado Sérgio Sirino, no Nurce, em Curitiba. O depoimento deveria ter acontecido na última segunda-feira, mas Mário não compareceu sob a alegação de que estava no Rio Grande do Sul e teria problemas de locomoção. Caso ele não compareça hoje, poderão ser tomadas medidas policiais. Seis pessoas envolvidas no caso já foram ouvidas.

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