O sistema de ensino da Educação de Jovens e Adultos (EJA) vai mudar no ano que vem no estado. Hoje existem duas modalidades de ensino, a presencial e a semipresencial. O novo modelo é uma junção de algumas das características das duas formas anteriores. Mas a APP-Sindicato, professores e funcionários de escolas querem que a questão seja mais debatida. Hoje, representantes do sindicato devem participar de um encontro com a Secretaria de Estado da Educação (Seed).
No sistema presencial o aluno precisa cumprir carga horária de 20 horas por semana e estuda por módulos. Em dois anos termina o ensino de 5.ª a 8.ª série e em mais dois anos o ensino médio. A freqüência mínima necessária é de 75%. Já o semipresencial, congrega, além dos dois níveis de ensino anteriores, alunos de 1.ª a 4.ª séries. Os estudantes se matriculam por disciplina e tem de cumprir 30% da carga horária em sala de aula. Os outros 70% são cumpridos em casa ou em visitas a biblioteca.
A grande mudança é que a partir de agora os alunos vão poder escolher o horário e os dias em que podem estudar. Vão se matricular por disciplinas e terminam o curso conforme a sua disponibilidade de tempo. No entanto, antes podiam cumprir apenas 30% da carga horária, agora a obrigatoriedade é de 100%.
Segundo a assistente do Departamento de Educação de Jovens e Adultos, Maria Clarete Barbosa, desde 2003 a mudança vinha sendo debatida nos cursos de capacitação de professores. Ela explica que para muitos adultos cumprir a carga horária do sistema presencial (20 horas semanais) acaba sendo inviável e a metade deles acabava abandonando o curso. Além disso, boa parte perdia a primeira e a última aula devido a dificuldade de horário e cansaço.
No entanto, a secretária de assuntos educacionais da APP-Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, explica que a nova proposta não foi discutida com as escolas e com o sindicato. ?Há cerca de 15 dias é que as escolas foram informadas do novo sistema. Queremos discutir?, explica. A Seed deu prazo até o dia 15 deste mês para que os colégios enviem um plano de trabalho para o próximo ano contemplando as mudanças.
Marlei diz que muitos professores divergem do novo sistema porque vários alunos têm condições de freqüentar o sistema presencial. ?Existe demanda para os dois sistemas?, comenta. Além disto, afirma que alguns estudantes possuem pouco tempo para estudar e tendo que cumprir a carga horária completa vão levar muitos anos para terminar o curso.
Uma vitória que o sindicato conseguiu foi a liberação da matrícula no segundo semestre para alunos que estão terminado o ensino fundamental e querem começar o ensino médio no mesmo sistema ainda este ano.
Segundo a professora, o sindicato vem se mobilizando e ontem houve uma reunião para debater o assunto. Eles planejam também uma passeata para segunda-feira. Mas segundo Maria Clarete, a proposta já está formalizada e deve haver pequenas alterações. Hoje o estado tem cerca de 170 mil alunos na EJA, em 293 escolas com ensino presencial e 84 centros onde é oferecido a modalidade semipresencial.
