Representantes da Educação diz
que Fazenda não libera dinheiro.

Representantes de diversas escolas públicas estaduais estiveram ontem na Secretaria de Estado da Educação (Seed), em Curitiba, para cobrar do governo uma série de reivindicações. O movimento foi organizado pelo Sindicato da Associação dos Professores do Paraná (APP-Sindicato).

A principal cobrança diz respeito ao pagamento de salários atrasados a novecentos professores e funcionários substitutos, que começaram a trabalhar no último mês de setembro no lugar de servidores que pediram licença ou se aposentaram. Segundo o presidente da APP-Sindicato, José Rodrigues Lemos, esses novecentos profissionais estão trabalhando totalmente de graça. “É um absurdo, pois o governo diz que não tem dinheiro para pagá-las”, afirma. “Sob a mesma alegação, a Seed deixou de contratar outros trezentos professores substitutos, o que está fazendo com que muitos alunos fiquem sem assistir aulas de determinadas disciplinas.”

Avanço de Carreira

A não concessão de avanço de carreira para 15.211 professores também é motivo de indignação. Lemos revela que os trabalhadores deveriam ter recebido o benefício no último mês de outubro, o que representaria um aumento de 15% em seus salários. “Os avanços, que representariam R$ 892 mil por mês, já estavam previstos no orçamento de cerca de R$ 1,2 bilhão deste ano para educação. Porém, não foram pagos”, declara. “Também soubemos que na conta do Fundef (Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental) estão disponíveis R$ 48 milhões. Parte desse valor poderia ser utilizada para pagamentos. Falta de dinheiro não é desculpa para que o governo não cumpra com seus compromissos”, comenta Lemos.

Grade curricular

Outra queixa é contra a implementação de projetos curriculares nos ensinos fundamental e médio noturnos. O líder sindical explica que, no início do ano, a então secretária da Educação, Alcyone Saliba, anunciou a implantação de projetos, que “teoricamente” incentivariam os estudantes a desenvolverem projetos fora da sala de aula. “Não concordamos com os projetos, pois eles reduzem em 17% o tempo dos estudantes em sala. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação no Brasil determina que os alunos devem ficar, no mínimo, oitocentas horas por ano dentro da sala de aula.”

A APP entrou na Justiça contra a implantação dos projetos e ganhou. Depois disso, de acordo com Lemos, a atual secretária, Sueli Seixas, “teria revogado a resolução de implantação anterior e editado outra com o mesmo conteúdo.” O sindicato considera a atitude ilegal. “O problema é que muitos estudantes necessitam trabalhar durante o dia e não conseguem realizar projetos, que estão sendo feitos apenas na teoria”, diz.

A APP-Sindicato também pede para que o governo cumpra a Lei 13.807, de 16 de outubro deste ano, que amplia a hora-atividade de 10% para 20% em 2003. A medida permite que os professores tenham mais tempo para corrigir provas e organizar aulas, “levando menos trabalho para ser realizado em casa”.

Seed

Como a secretária da Educação estava em Florianópolis (SC), ontem, participando de um encontro do conselho de secretários estaduais, os representantes de escolas foram recebidos pelo diretor-adjunto da Seed, Laureni Teixeira Martins. Durante a reunião, o representante da secretária informou que há dinheiro para pagar os professores, mas que não está sendo liberado pela Secretaria de Estado da Fazenda. Lemos, porém, conta que conversou com o secretário da Fazenda, Ingo Hubert, que teria negado a acusação. O Estado não conseguiu contato com a Fazenda. Quanto à implantação de projetos interdisciplinares, a APP deve discutir novamente o assunto na próxima semana, diretamente com a secretária Sueli. Segundo a assessoria da SEED deve haver uma reunião na próxima semana entre os secretários da Educação e Fazenda para conversar tentar resolver o pagamento dos professores.

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