O impasse entre a Urbanização de Curitiba (Urbs), autarquia responsável por gerir o transporte coletivo em Curitiba, e a empresas do setor deixou boa parte dos motoristas e cobradores da capital e das cidades da região metropolitana sem o vale salarial, que deveria sido depositado nesta segunda-feira (20).
Por conta deste atraso, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) entrou com ação na Justiça do Trabalho contra as empresas. De acordo com a entidade, foi solicitada na ação a reparação por danos morais coletivos. Uma liminar também foi pedida para que o adiantamento salarial seja pago nesta terça-feira (21). Caso o valor a ordem se descumprida, a multa pode chegar a R$ 1 milhão por dia de atraso.
Com a briga entre empregados e patrões, uma possível greve não está descartada pelos trabalhadores. “O direito de greve é um instrumento que deve ser usado com responsabilidade, para ampliar os direitos trabalhistas e não para cobrar a conta de cada mês. O que as empresas estão fazendo é uma irresponsabilidade. Jogam a culpa na Prefeitura, mas quem acaba sofrendo os prejuízos dessa briga é sempre a ponta mais fraca: os trabalhadores e os usuários do transporte coletivo. Estamos cansados disso”, afirmou Anderson Teixeira, presidente do Sindimoc, em comunicado à imprensa.
As empresas
O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) confirmou o débito das empresas, mas disse, por meio de nota, que “desde 26 de fevereiro aguarda a definição, contratualmente assegurada, da nova tarifa técnica”. Segundo o texto, ainda que, sem essa definição, as empresas têm buscado cumprir suas obrigações.
Para o sindicato patronal, sem o valor da tarifa técnica estabelecido, as empresas encontram dificuldades para administrar o fluxo de caixa e que “todo recurso recebido é utilizado para honrar compromissos emergenciais, sob o risco de paralisação do sistema, até mesmo por falta de combustível”.
Grana extra
Em reportagem publicada no último sábado (18) pelo Paraná Online e pela Gazeta do Povo, a indefinição de um valor fixo da tarifa técnica gerou um repasse extra para as empresas do transporte coletivo de R$ 17 milhões. O pagamento adicional faz parte de um acordo mediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-PR) realizado nos meses de maio e junho.