O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) pediu ontem a prisão temporária de mais seis pessoas envolvidas em uma série de crimes ligados ao ramo dos combustíveis, em Maringá. São proprietários, gerentes e funcionários da rede de postos Juninho e um fiscal do Instituto de Pesos e Medidas do Paraná (Ipem). Pesam contra eles as acusações de prática de dumping, formação de cartel, lavagem de dinheiro, crime contra a ordem tributária, corrupção de agentes públicos e formação de quadrilha.
As investigações também apontam o envolvimento de fiscais da Receita Estadual e da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Na semana passada o Nurce já havia solicitado a prisão de outras cinco pessoas, mas até agora a Justiça não atendeu os pedidos. Com seis mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça, o Nurce conseguiu junto aos postos e escritório da rede de postos Juninho, além do Ipem, vários documentos que podem comprovar os crimes. Entre eles canhotos de cartões de crédito que apontam indícios de sonegação fiscal de impostos. Além disso, um dos acusados afirmou que teria abafado uma fiscalização na rede oferecendo R$ 6 mil a agentes da Receita Estadual e esses teriam pedido mais R$ 2 mil. ?Esses documentos foram encaminhados para a Receita Estadual para averiguação das irregularidades?, informa o delegado Sérgio Inácio Sirino, coordenador do Nurce. O nome do fiscal que estaria envolvido ainda está sendo investigado.
Os materiais apreendidos também levantam a possibilidade de participação de fiscais da ANP. O grupo fazia lobby junto à agência e era informado sobre possíveis fiscalizações. A rede comprava combustível direto das refinarias, o que é proibido pela ANP. Com isso, conseguia adotar um preço mais baixo para o consumidor e forçava os outros postos a aderirem à redução para não falir. Também misturavam álcool à gasolina. Com a manobra, o combustível não passava pelas distribuidoras, que são responsáveis pela realização de testes que avaliam a qualidade dos produtos.
Na semana passada também foi pedida a prisão temporária de dois fiscais do Ipem, mas como contra um deles ainda havia dúvida de envolvimento, o pedido foi retirado. Porém, agora foram encontrados indícios contra outro fiscal do instituto. Na semana passada, o Ipem fez uma vistoria em quatro postos de combustíveis em Maringá. Das 16 bombas vistoriadas, 10 apresentaram irregularidades. ?Em uma delas a bomba estava desregulada e, de cada 50 litros vendidos, o consumidor levava 1,5 litro de ar?, cita o delegado. Os fiscais do Ipem são acusados de receber propina para não denunciar os problemas. ?Para avançarmos nas investigações e encontrarmos mais funcionários públicos corrompidos pela quadrilha é necessário que essas prisões aconteçam?, explica o delegado.
Há suspeita também de que o grupo esteja envolvido em roubo de carga. Na semana passada, a polícia achou duas ossadas que podem ser de dois motoristas que transportavam combustível e estavam desaparecidos há nove meses. Desde que a operação Máfia dos Combustíveis foi deflagrada, há dois anos, mais de 80 pessoas foram indiciadas.