Aos poucos, a situação no litoral volta ao normal

Depois que a água baixou em Matinhos e Guaratuba, a Defesa Civil reforçou o trabalho de avaliação dos estragos e coordenação das atividades de recuperação. O governador Roberto Requião esteve domingo no local e colocou à disposição a infra-estrutura estadual para ajudar nos trabalhos. Segundo o assessor da Prefeitura de Matinhos, Mauro Rodriguês Cabral, todos os desabrigados retornaram para as suas casas e a cidade já possui condições de receber os veranistas novamente.

Ontem a Prefeitura realizou um levantamento sobre os estragos causados pela enchente. Um casa foi interditada. Parte das ruas de saibro e asfalto terão que ser recuperadas. Deverá ser realizado também o desentopimento e desassoreamento de manilhas e canais, já que é grande o acúmulo de lixo e entulhos, incluindo até geladeiras, fogões e sofás. O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) deve começar a realizar parte dos trabalhos hoje.

Segundo o chefe da Divisão de Defesa Civil Estadual, Éveron Cesar Puchetti, outros projetos a longo prazo devem ser realizados na cidade. Entre eles a recuperação de tubulações, canais, galeria pluvial, pontilhões. Além disso, algumas pontes precisam ser recuperadas e alargadas.

Prevenção de doenças

No sábado, o Corpo de Bombeiros informava que três mil casa teriam sido alagadas, mas a prefeitura de Matinhos informou ontem que o total não passaria de 1000. Para evitar doenças entre os moradores, a Secretaria Municipal de Saúde estava enviando agentes sanitários e o pessoal que trabalha na campanha de prevenção contra a dengue, para dar orientações à população. O contato com a lama e a água parada podem transmitir a leptospirose e hepatite. O departamento de obras também estava realizando um trabalho de limpeza nas valetas para evitar o acúmulo.

Segundo o chefe da Casa Militar e coordenador Estadual da Defesa Civil, Anselmo José de Oliveira, também foi enviado para a cidade hipoclorito de sódio, usado para descontaminar a água. A substância será dada às famílias que se abastecem com a água que vem direto da serra.

Oliveira diz ainda que a Cohapar ficará encarregada de estudar a situação das famílias que vivem nas área mais atingidas. Algumas vão ter que ser relocadas e muitos terrenos precisam passar por um processo de drenagem. Os balneários mais atingidas foram Sertãozinho, Tabuleiro e Mangue Seco.

Poucas doações

Ainda são poucas as doações que a prefeitura recebeu até agora para ajudar os desabrigados. Os itens mais necessários são colchões, roupas e alimentos. “Mas precisamos também de eletrodómésticos, algumas geladeiras e fogões saíram boiando das casas”, diz o presidente do Conselho de Assistência Social, Osvaldo Fernandes Mattos. Ele lembra que os desabrigados fazem parte da população mais carente de Matinhos. Hoje, representantes da Defesa Civil e da prefeitura se reúnem para definir estratégias pata aumentar a arrecadação.

Quem quiser colaborar pode entrar em contato com a prefeitura pelo telefone (41) 435-2126.

Falta de água

Segundo informações da assessoria de imprensa da Sanepar, o abastecimento de água já está normalizado no litoral. Mas alerta que se o alto consumo registrado no Ano-Novo se repetir, vai faltar água novamente. As obras que ampliam a capacidade de abastecimento devem ficar prontas entre maio e junho. Ou seja, a previsão é que vá faltar água durante o Carnaval.

Estragos poderiam ser evitados

Elizangela Wroniski

O alagamento na cidade poderia ter sido menos intenso e causado menos estragos se os canais que cortam a cidade tivessem passado por um processo de desassoreamento. Mas a justiça impede que este trabalho seja realizado desde 2000, quando uma ONG entrou com ação contra a Suderhsa (Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental). De acordo com o secretário de Habitação de Matinhos, Mário Pock, a empresa havia conseguido uma licença do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) para realizar a dragagem em alguns canais, mas ela estava abrindo um novo canal em área de floresta, sem realizar estudo de impacto ambiental. Assim, a Justiça paralisou as obras. Entre os que não podem ser desassoreados estão o canal Água Amarela, Rio da Onça, canal Guaritubinha e dois canais centrais. Nem mesmo agora, depois da enchente, eles vão poder ser dragados. Hoje, representantes da Prefeitura de Matinhos vão estar no IAP e na Secretária Estadual do Meio Ambiente para tratar deste e outros assuntos.

Previstas “chuvas de verão”

As fortes chuvas do último final de semana que provocaram enchentes com graves conseqüências no litoral paranaense não devem se repetir nos próximos cinco dias. Segundo o meteorologista do Simepar – Sistema Meteorológico do Paraná -, Lizandro Jacobsen, apenas chuvas rápidas deverão ocorrer.

“O tempo vai estar mais firme, com chuvas de verão, normais nesta época do ano. Não há previsão de chuvas intensas no litoral para os próximos dias”, disse Jacobsen.

Segundo o meteorologista, apenas no último final de semana choveu o equivalente ao que choveria no mês inteiro. “Em oito horas choveu cerca de 330 milímetros. A média do mês é de apenas 150 mm”, explicou. As altas temperaturas e a umidade do ar foram os responsáveis pelo volume de chuva registrado.

Segundo o Simepar, o tempo permanecerá nublado no litoral até a próxima quarta-feira. Depois, o sol volta a aparecer. Em Matinhos, a temperatura máxima deve permanecer em torno dos 30ºC e a mínima em 20ºC. A previsão do tempo pode ser conferida no site

http://www.simepar.br.

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