A Rua Conde dos Arcos, no bairro Lindoia, esconde uma história de superação e força de vontade, protagonizada pelo serralheiro João Simula, de 65 anos. Em 2000, devido a sérios problemas vasculares, ele teve a perna direita amputada. Onze anos depois, também por complicações no sistema circulatório, Seu João perdeu os membros inferior e superior do lado esquerdo do corpo. “Foi um duro golpe, não nego. Mas eu não tinha tempo para ficar depressivo e encostado”, conta.

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De fato, Seu João não dá chance para a depressão, apesar dos conselhos médicos. “O doutor que me tratou me recomendou ir a um psicólogo, já que muitas pessoas que têm seus membros amputados sofrem muito com a perda. Eu sofri, mas resolvi seguir em frente”, explica. Apesar das limitações, o serralheiro resolveu não deixar o trabalho de lado e passou a criar adaptações para continuar a fazer o que gosta.

“Fui criando suportes para as ferramentas e assim fui me adaptando à situação. Primeiro deixei de usar as próteses e passei a utilizar apenas a cadeira de rodas automatizada, que me dá uma boa locomoção. E aí, com a ajuda de um e de outro, voltei ao batente e já fiz muitas coisas aqui em casa”, diz.

Em dois anos, Seu João construiu pisos, reformou banheiros, instalou o forro no telhado, montou escadas e colocou azulejos nos banheiros de casa. “Essa é a minha verdadeira terapia. Aqui me sinto produtivo. Me adaptei ao que tinha que me adaptar, fiz as ferramentas e equipamentos funcionarem para mim e fui em frente. E ainda quero fazer mais. Tenho vários projetos aqui em casa”, afirma.

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Não dá pra ficar parado!

Daniel Derevecki
Seu João: estou sempre inventando uma moda para fazer e assim vou me sentindo bem. Assista no vídeo a conversa com João.

Um dos projetos é ajudar a terminar o sobrado que um dos filhos está construindo no terreno da família e terminar o piso da garagem. “Não dá para ficar parado. Se eu fico parado, já começo a me sentir mal. Então, estou sempre inventando uma moda para fazer e assim vou me sentindo bem”, revela o serralheiro.

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“É uma questão de fazer o que gosta e ter vontade. Eu trabalho desde os meus 12 anos e nunca parei. Fiz carreira e fui um dos melhores de Curitiba. Pode perguntar. Muita gente ainda lembra da Serralheria Chimula. Aconteceu isso comigo, mas segui em frente e faço o que preciso para me sentir bem. Ainda sinto dores fantasmas no braço e nas pernas, mas sigo em frente. Tem gente que tem uma dorzinha e não vai trabalhar. E eu aqui, mesmo estando do jeito que estou, faço de tudo para trabalhar. Apesar de tudo, estou bem”, conclui Seu João.

Assista no vídeo a conversa com João.