Um coral formado por onze crianças angolanas deficientes visuais representará o Paraná no 1.º Festival de Música Judaica, que será realizado entre os dias 18 e 20 deste mês em São Paulo. Elas estão morando em Curitiba, na sede do Instituto Paranaense de Cegos, há pouco mais de um ano.
Além do estudo normal, as crianças participam de outras atividades, como aulas de inglês, espanhol, braile, sorobã (aparelho usado para fazer cálculos) e instrumentos musicais. As crianças chegaram a Curitiba por intermédio da Fundação Eduardo Santos, que procura ajudar na recuperação de crianças após a guerra civil em Angola.
A presidente do instituto, Maria Regina de Melo Boscardin, afirmou que o convívio das crianças no Brasil vem sendo o melhor possível. Como a intenção é que as crianças retornem algum dia ao país de origem, elas foram matriculadas num colégio convencional. Maria Regina disse que as crianças estão tendo um desempenho escolar muito satisfatório. A letra da música que o coral apresentará em São Paulo foi feita por uma delas. “Ela fala sobre a paz em Israel e foi feita pelo Wilson, um dos meninos angolanos que está conosco”, contou Maria Regina. Ela destacou que grupos israelenses ajudam na manutenção da entidade, o que motivou a aproximação que levou as crianças a participar do festival. “Desde que chegaram aqui, elas aprenderam muitas coisas, inclusive artesanato, que é feito para ajudar nas despesas do instituto”, contou a presidente.
O Instituto Paranaense dos Cegos existe desde 1939. Ele atende setenta internos, além dos serviços e oficinas prestados a deficientes visuais de todo o Estado. Conforme sua presidente, a maneira de sobrevivência do instituto é basicamente fundada em ajudas da sociedade. “Temos alguns associados que nos rendem cerca de R$15 mil mensais, mas nossas despesas são de R$ 45 mil por mês”, contou Maria Regina, destacando que a instituição está aberta para as pessoas que queiram conhecê-la e ajudar com doações.
Maria Regina agradeceu ao curso de Design/Moda da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), que confeccionou o uniforme do coral inspirado na bandeira de Angola.