Amigos influenciam jovens a beber

Em 2003, pesquisadores da área de Farmácia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fizeram um levantamento com 344 acadêmicos de diversos cursos, para verificar como estava o consumo de álcool entre os universitários. Um dos resultados obtidos é o de que 54,7% dos homens e 64,1% das mulheres entrevistados começaram a beber entre os 14 e 17 anos. Mais de 60% dos homens e 60% das mulheres foram influenciados, nesse primeiro contato com o álcool, por amigos.

Enganam-se os que acham que esses dados estão muito desatualizados. "Essa foi uma primeira pesquisa delicada. Foi uma surpresa bem grande para nós. Hoje deve estar mais ou menos a mesma situação", afirma a professora de Bromatologia, do curso de Farmácia da UFPR, Maria Eugenia Balbi Tristão.

A professora disse ainda que as pesquisas sobre o álcool entre jovens não encerraram. "Vamos refazer o diagnóstico para ver como está a realidade hoje. Vamos fazer esse levantamento com as crianças de quinta série até o terceiro ano do ensino médio e desenvolver um trabalho de informação de uma maneira que fique simples de ver e associar", explica.

Um dos dados que chamou a atenção dos pesquisadores foi que, em princípio, os números parecem insignificantes: 9% dos homens entrevistados e 1,6% das mulheres já foram hospitalizados por causa de bebida. "Isso é considerado alto porque você imagina que são alunos universitários, que têm mais instrução", afirma Maria Eugenia. A professora da UFPR revela, ainda, um outro dado que a assusta. "Um dos questionamentos foi para saber a opinião do universitário sobre as campanhas para o consumo de álcool. A grande maioria disse que não seriam eficazes. Isso já me leva a ver uma descrença. Chegou a ser preocupante, vindo de um universitário", completa.

Para o desenvolvimento da pesquisa, o entrevistador aplicou, pessoalmente, um questionário com dez perguntas sobre freqüência, início, enfim detalhes do consumo de álcool entre os 344 entrevistados, o que não foi tão simples. "A primeira dificuldade é que as pessoas não têm coragem de fazer parte de pesquisas como essas ou não levam a sério. Se você deixar o questionário, ele não vai responder a contento", afirma Maria Eugenia. Depois de concluídas as entrevistas e trocas de informações, os resultados foram organizados em gráficos e tabelas.

Como conclusão da pesquisa, verificou-se que a bebida mais consumida entre os universitários da UFPR é a cerveja, e que tanto o consumo quanto a freqüência do mesmo e a freqüência de embriaguez aumentaram. Os entrevistados também iniciaram mais cedo com o consumo de álcool. Sobre a descrença de alguns em relação a pesquisas como essas, a professora foi direta: "É importante: porque identifica o problema e funciona como um termômetro para saber como estamos em termos de informação. Não informar sobre isso é como não informar sobre a importância do uso de camisinha para prevenir a aids e doenças venéreas", afirma.

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