Uma vida sem ponto final. Os relatos de algumas das centenas de pessoas que acompanharam ontem o velório e a cremação do jornalista Mussa José Assis, de 69 anos, traziam em cada palavra um pouco dos ensinamentos deixados pelo fazedor de jornal e de jornalistas.
A renomada fama de “abrigar pessoas com talento” foi destacada por diversos colegas de profissão e de redação. Para o jornalista Hugo Santana, que trabalhou como secretário de redação da Tribuna até 1982, esse dom apurado era resultado de um profissional que se envolvia em todo o jornal da parte editorial à gráfica e técnica. “Ele era interessado em pormenores, resolvia desde um assunto da redação até das rotativas”, descreveu.
O jornalista Benedito Pires revelou com orgulho o fato de ter nascido na mesma cidade que Mussa, Salto Grande, no interior paulista. “Saímos cedo de lá e apesar de sermos da mesma cidade, nunca trabalhei com ele, mas dividi a mesma profissão. O Mussa era jornalista de corpo e alma. Não passou em branco nas redações por onde atuou graças ao apurado senso de notícia e de ser repórter, por isso, foi natural ser um revelador de talentos”.
Mulheres
A jornalista Adélia Lopes, um dos nomes revelados por Mussa, lembrou que o jornalista foi pioneiro em apostar na capacidade das mulheres nas mais diversas áreas. “Ele abriu as portas da redação para as mulheres. Fui a segunda repórter policial do Brasil e a primeira, a Terezinha Cardoso, também veio de O Estado do Paraná e da Tribuna pelas mãos do Mussa. O mesmo ocorreu no esporte, a Lúcia Camargo foi a primeira jornalista esportiva”, destacou.
Outra lembrança uníssona foi a busca constante por agregar novidades tecnológicas à redação. “Como já havia passado por grandes redações, Mussa José Assis trazia as coisas de outros mercados para O Estado do Paraná. O jornal foi o primeiro a publicar foto colorida e a rodar em offset”, atesta o jornalista Valdir Cruz .
O sobrinho e colega de redação José Guilherme Assis, lembrou do papel de grande centralizador da família: “tio protetor, amigo, orientador e um patrão que sempre fez crescer quem estava à sua volta”. E no quesito lealdade, o jornalista Milton Ivan Heller carrega na sua trajetória as diversas oportunidades oferecidas pelo homem que foi “modelo como profissional”. “Fiquei uns quatro anos carregando a fama de subversivo, porque fui preso em 1964. Mesmo assim o Mussa me deixou trabalhar no jornal por diversas vezes”.
Felipe Rosa |
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