Ontem, quando foi comemorado o Dia da Árvore, integrantes de diversas organizações de proteção ambiental realizaram uma manifestação, na Boca Maldita, em Curitiba, com o intuito de chamar a atenção da população sobre a modificação do Código Florestal Brasileiro.
Na ocasião, foram colhidas assinaturas de pessoas contrárias às modificações, para o Manifesto de Curitiba contra a Degradação do Código Florestal. O documento será encaminhado a autoridades políticas do Executivo e do Legislativo, assim como aos candidatos às próximas eleições.
Está em debate, no Congresso Nacional, um projeto de Lei que visa modificar o Código Florestal Brasileiro. O documento vem sendo motivo de revolta entre ambientalistas, cientistas, estudantes e integrantes de movimentos sociais que temem a flexibilização das leis ambientais e consequentes impactos negativos ao equilíbrio das águas, do solo e do clima, assim como à sobrevivência da fauna e da flora.
“Queremos colher assinaturas para que o projeto não saia do papel. O Brasil tem um dos melhores códigos florestais do mundo, que não deve ser flexibilizado. As modificações estão sendo defendidas por setores da sociedade que visam o lucro a curto prazo, como por exemplo o agronegócio. Os representantes destes setores não conseguem enxergar que as alterações vão trazer prejuízos a eles próprios”, comentou o diretor executivo da organização não-governamental Sociedade Chauá, Christopher Thomas Blum.
Segundo os ambientalistas, o projeto prevê redução drástica das áreas de proteção na beira dos rios e dentro das propriedades rurais; a não proteção de topos de morros, várzeas, restingas e outras áreas frágeis; perdão para desmatamentos ilegais cometidos antes de 22 de julho de 2008; e legalização do uso de áreas de proteção para quem já desmatou antes de 22 de julho de 2008.
Eles dizem que, com tudo isso, milhões de hectares onde a vegetação nativa deveria ser protegida estarão livres para o desmatamento, causando significativa piora na qualidade de vida dos brasileiros.
“Os prejuízos que as alterações trazem ao meio ambiente e à sociedade são incalculáveis, sendo que o projeto de Lei não tem nenhum embasamento científico. O resultado das mudanças serão maior incidência de enchentes, deslizamentos de encostas, redução da água potável, alterações climáticas, perda de área agrícola por erosão e aumento de pragas nas lavouras. Queremos que a população saiba o que está acontecendo e se manifeste de forma contrária”, afirmou o integrante do grupo Ecoberrantes, que reúne estudantes engajados na defesa de questões ambientais, Ricardo Borges.
