Bem diferente da que ocorreu há 34 dias na Universidade de São Paulo (USP), a ocupação da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ontem, por um grupo de estudantes, não teve ares de campo de batalha ou acampamento. Da entrada, às 10h30, até o final da tarde, nenhum incidente mais grave foi registrado. A ação faz parte de uma mobilização nacional programada pela União Nacional dos Estudantes (UNE).
Na pauta de reivindicações estão a criação de um plano nacional de assistência estudantil, o investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação, a paridade nos conselhos universitários e a autonomia administrativa e de gestão financeira para as universidades.
Em nível local, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) preparou uma lista que inclui o uso da TV e Rádio UFPR como instrumentos pedagógicos para os alunos, mais verbas para a assistência estudantil, a disponibilização de ônibus para transporte entre os campi da universidade e abertura do Restaurante Universitário (RU) durante as férias do meio do ano.
Para João Paulo Mehl, diretor do DCE, a maioria das reivindicações locais já está bem encaminhada com a universidade. Segundo ele, a decisão pela ocupação foi tomada no Conselho das Entidades de Base (CEB) realizado na véspera e que reuniu 34 centros acadêmicos.
Apesar de considerar que a ocupação sobrepõe o diálogo e não é uma primeira opção para negociação, a vice-reitora da UFPR, Márcia Helena Mendonça, afirmou que a mobilização é um direito dos estudantes. ?Acho que um acampamento no pátio da Reitoria seria uma ação com mais visibilidade e oportunidade de mostrar as reivindicações para a população. Tentei convencê-los, mas não houve acordo?, afirmou. Segundo ela, a universidade é um espaço para debate e contraposição de idéias. Com relação à pauta da UNE, a vice-reitora afirmou que a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) apóia as reivindicações. Já com relação ao DCE, Márcia Helena admitiu ter ficado surpresa, pois a lista vai ao encontro de tudo que está sendo feito. ?Temos um diálogo muito bom com o diretório e a maioria dos assuntos em pauta já tinham sido discutidos conosco?, completou.
Desacordo
Mas a ocupação não foi unanimidade. Um grupo de estudantes, denominado Frente de Luta contra a Reforma Universitária, e alguns centros acadêmicos protestaram contra a mobilização. ?Há ocupações espontâneas ocorrendo por todo o País e elas não contam com a participação da UNE?, afirmou Naiady Piva, que participa da frente. Segundo ela, a decisão pela ocupação deveria ser tomada pelos estudantes, que se reúnem em assembléia no dia 13.