Alunos da PUCPR criam receita de pão de pinhão

Alunos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) desenvolveram uma receita de pão utilizando o pinhão. Segundo a professora e orientadora da pesquisa, Nery Nishimura de Lima, a semente da araucária substitui parcialmente a farinha de trigo, melhorando o valor nutricional do produto. Além disso, pode ser uma nova alternativa de renda para quem vive nas regiões de florestas de araucária.

Há dez anos, a professora pesquisa plantas da Mata Atlântica com o objetivo de encontrar alternativas de renda para os agricultores que moram nestas regiões, ao mesmo tempo em que se preserva a fauna e a flora. Ela explica que o pinhão é um produto altamente perecível, que caruncha com muita facilidade. ?As pessoas colhem o pinhão e, se não conseguem vender rapidamente, acabam perdendo o produto?, diz. A situação pode fazer com que muita gente prefira cortar a árvore e vender a madeira. Mas se o pinhão for transformado em farinha, ganha mais tempo de prateleira.

O beneficiamento do produto é simples, necessita apenas de um liqüidificador ou moedor de carne. Para isso, é necessário cozinhar a semente em uma panela de pressão durante uma hora. Depois de descascada, é batida no liqüidificador até virar uma farinha. O produto é conservado no congelador. Também é possível fazer farinha com pinhão cru. Depois de seco ao sol e descascado, é triturado com o moedor de carne. A conservação não precisa de refrigeração.

A farinha obtida pode ser usada no preparo de pães, sopas e para fazer pirão. No caso do pão, ela substitui parcialmente o trigo em três concentrações (12%,18% e até 24%). ?O pão fica muito mais nutritivo. Contém proteínas, lipídios e carboidratos, além de sais minerais como o cálcio, ferro, fósforo e algumas vitaminas?, destaca a professora.

A professora também desenvolve pesquisa com outras plantas, como a semente do jatobá, de onde é retirado um açúcar que pode ser usado na fabricação de produtos diet. Nery espera que as suas pesquisas ajudem a preservar o meio ambiente. O Estado possui hoje 7% de sua cobertura original e menos de 1% de mata de araucária. Estudo do Ibama em 2004 constatou que 285 espécies necessitam da mata de araucária para sobreviver.

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