Alternativas para tráfego de ciclistas são discutidas

Uma audiência pública discutiu ontem, em Curitiba, alternativas de adaptação na infra-estrutura da cidade para quem depende da bicicleta para ir ao trabalho ou apenas como meio mais prático e barato de se locomover. A principal proposta apresentada foi de adaptar ciclofaixas paralelas às canaletas destinadas ao trânsito dos ônibus biarticulados, evitando os freqüentes acidentes sofridos por ciclistas que trafegam pelas pistas, e permitindo acesso seguro e rápido entre pontos estratégicos da cidade.

De acordo com o pesquisador Raul Tuleski, do departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR), nos horários de pico o movimento nas canaletas é intenso: são cerca de três ciclistas transitando por minuto. "A proposta é que uma das pistas destinadas aos carros, ao lado das faixas dos ônibus, cedesse o estacionamento para dar lugar à ciclofaixa", propõe. "Os biarticulados desenham rotas bastante usadas pelos trabalhadores, já que ligam os bairros ao Centro. O problema é que, atualmente, nossas ciclovias são pensadas apenas para o lazer ou esporte, sem levar em conta que muitos usam a bicicleta como meio de transporte."

Além dos benefícios econômicos, a conhecida "magrela" é também aliada ao bem-estar físico e emocional. "Melhora o sistema cardiovascular e estimula a produção de endorfina, um antidepressivo natural", explica Tuleski.

Ciclovida

Tuleski cita que a UFPR possui um programa de extensão – que leva o nome de Ciclovida – especialmente destinado a demonstrar esses benefícios para investidores em potencial. "Realizamos pesquisas e desenvolvemos ações para demonstrar o benefício de usar a bicicleta não apenas para a prática esportiva. Além das ciclofaixas, temos propostas para que empresas subsidiem compra de bicicletas para seus colaboradores", exemplifica.

Outro objetivo é aumentar o uso da bicicleta como meio de locomoção nas classes economicamente mais abastadas, o que já é evidente em países desenvolvidos, como Dinamarca e Holanda, e em cidades como o Rio de Janeiro, cidade citada pelo pesquisador. "Enquanto o número de usuários de carro ronda 300 mil pessoas/dia, o de bicicleta é de 700 mil, incluindo aí muitos empresários"", analisa. Em Curitiba, a estimativa levantada pelo programa é que cerca de 10% da população tenha esse meio de transporte como principal forma de se deslocar, o que implica em um impulso também para a melhora na qualidade do ar. "Significa uma retirada de 15 milhões de quilos de gases poluentes por ano do ar da cidade", garante.

O pedreiro Valdeci Simões, que só vai para o trabalho de bicicleta, confirma que a economia de tempo e dinheiro é significativa. "Além disso, faço exercício", diz. Ele garante gastar 20 minutos a menos em seu percurso diário do que se o fizesse de ônibus. Já para quem usa a magrela como instrumento de trabalho, a idéia de uma ciclofaixa ao lado das canaletas seria solução para o problema de muitos ciclistas. "Evitaria acidentes. Circulamos pela canaleta porque, nas ruas, os motoristas nem sempre nos respeitam", acredita o entregador de revistas Márcio José da Luz.

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