A Justiça condenou a América Latina Logística (ALL) a apresentar um novo projeto de restauração da ponte ferroviária sobre o Rio São João, na Serra do Mar, dentro de 90 dias, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A decisão atende a ação civil pública proposta pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) do Paraná. O juiz Fernando Andriolli Pereira, que julgou procedentes os pedidos formulados pela PGE, ainda condenou a ALL ao pagamento da multa prevista na Lei Estadual de Tombamento e a indenizar o dano moral ambiental, a um valor correspondente a 1% do faturamento líquido da empresa em 2009.
No dia 19 de julho de 2004, a ponte, localizada entre as estações Véu da Noiva e Marumbi da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, teve parte de sua estrutura comprometida depois que um trem perdeu parte dos vagões ao passar pelo local. Parte da carga de soja, milho e açúcar tombou sobre o Rio São João contaminando a água.
Segundo a PGE, a ponte faz parte do parte do patrimônio cultural do Estado e do tombamento da Serra do Mar.
A procuradora de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico do Estado do Paraná, Heloisa Bot Borges, responsável pela ação, afirma que a empresa não poderia ter feito o restauro da ponte sem que o projeto fosse aprovado pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, da Secretaria de Estado da Cultura. “A ponte ficou completamente diferente do que era antes do acidente. É preciso devolver à ponte as características anteriores. Ela ficou com uma estética diferenciada”, destacou.
A ALL, que contesta a informação de que a ponte seria tombada como patrimônio cultural, informou que vai recorrer da decisão. Segundo a empresa, a recuperação da ponte, que exigiu um investimento de R$ 6 milhões, manteve as características originais do projeto. A empresa afirma, por se tratar de uma estrutura secular, parte dos materiais então utilizados na construção da ponte, datada de 1884, são hoje obsoletos e não existem peças idênticas de reposição. Segundo a ALL, também não há como reproduzir os materiais, pois eram feitas de forma artesanal. A empresa relata que encomendou as peças buscando-se materiais mais resistentes e, ao mesmo tempo, muito similares aos originais.