Ivan Amorin
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Locomotivas que se chocaram impediram o trânsito no pátio da ALL.

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A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) convocou representantes da concessionária América Latina Logística (ALL) para uma reunião na próxima semana, em Brasília. A ALL terá de explicar os motivos que levaram aos três acidentes envolvendo trens da empresa desde o último sábado no Paraná. A ANTT quer saber também quais são as providências que a ALL está tomando acerca do assunto.

O acidente mais recente aconteceu quarta-feira, em Maringá, quando duas locomotivas se chocaram de frente, no pátio de manobras da empresa. Um dos maquinistas, Aguinaldo Campos Vieira, 43 anos, morreu na hora e outras três pessoas ficaram feridas. Vieira, que trabalhava há 18 anos como maquinista, seria homenageado ontem num coquetel organizado pela ALL. O enterro dele aconteceu no fim da tarde de ontem, em Apucarana. Para homenageá-lo, os 3,2 mil funcionários da empresa fizeram um minuto de silêncio, no horário do enterro, e os apitos das locomotivas foram acionados no mesmo horário.

A ALL informou que o acidente foi causado por um erro de procedimento e já abriu uma sindicância interna para apurar melhor as causas do choque. A empresa divulgou ainda que todas as locomotivas estão equipadas com computador de bordo e GPS (sistema de navegação via satélite), permitindo maior controle do trem, tanto pelo maquinista, quanto pelo Centro de Controle de Operações (CCO), que monitora a movimentação dos trens em tempo real. A ANTT já criou uma Comissão para Apuração de Acidentes e enviou um técnico para o pátio da ALL em Maringá.

Outro acidente com trens da ALL aconteceu no último sábado, na região de Ponta Grossa, quando cinco vagões descarrilaram e cerca de 50 litros de óleo diesel foram derramados e absorvidos pelo solo. No domingo, o acidente aconteceu no trecho entre Itaperuçu e Rio Branco do Sul, próximo à Vila da Turma. Duas das três locomotivas descarrilaram.

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Histórico

A ALL não soube informar quantos acidentes já registrou apenas este ano. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, eles contam os acidentes por cada milhão de quilômetros percorridos. Utilizando esta fórmula, a ALL informa que, no ano passado, ocorreram 14 acidentes envolvendo trens da empresa em cada um milhão de quilômetros percorridos. A meta estabelecida pela ANTT, segundo a ALL, é de 33,5 acidentes por um milhão de quilômetros. A empresa informa ainda que, desde que ganhou a concessão para operar em ferrovias brasileiras, vem diminuindo o número de acidentes. Em 1997 – antes da empresa começar a operar – foram registrados 83 acidentes por milhão de quilômetro.

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No entanto, de acordo com a ANTT, a situação da ALL não é tão boa assim. A agência foi informada, até agora, de 12 acidentes graves apenas em 2005 envolvendo trens da ALL. São considerados graves todos os acidentes com vítimas ou que tenham provocado danos ambientais.

Das onze concessionárias responsáveis pelas ferrovias do Brasil, a ALL é a campeã em multas por acidentes com danos ao meio ambiente. Desde 2002, recebeu 28 multas. Em sete anos, a empresa já foi autuada em cerca de R$ 11 milhões. Os dois últimos acidentes mais graves foram na ponte São João, na Serra do Mar, e em Bandeirantes. A região de Ponta Grossa também é bastante atingida pelos acidentes da ALL. Somente em julho de 2000 foram dois – um em que a empresa deixou vazar 60 mil litros de diesel, atingindo um córrego, e outro de 20 mil de diesel e gasolina, chegando à uma área de preservação ambiental.