Empresa diz que situação melhorou
muito após a privatização.

Sucateada. Assim o gerente de operações da unidade de produção Paraná/São Paulo da América Latina Logística (ALL), Celso Fylyk, e o diretor de relações corporativas da ALL, Pedro Roberto Almeida, resumem a situação da malha ferroviária paranaense em 1997, ano que a empresa assumiu a administração. A ALL discorda portanto da superintendência da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), que afirmou ter entregue a malha em ótimo estado de conservação.

Fylyk trabalhou dez anos na RFFSA antes da privatização. Ele contou que existiam trechos bons, médios e muito ruins da malha. Entretanto, é categórico em afirmar que a conservação da malha ferroviária do Paraná melhorou muito após a concessão: “Hoje, mantemos um padrão bom em toda a malha. Trocamos anualmente 250 mil dormentes. Em 1997, ano em que assumimos, foram 500 mil dormentes trocados”, ressaltou, lembrando que na época da Rede entre 20% e 24% dos dormentes eram considerados inservíveis. Hoje esse percentual teria caído para 5%. O engenheiro civil disse que se gastava muito com folha de pagamento e não se investia em tecnologia. Situação que, segundo ele, se inverteu com a chegada da ALL.

Quanto ao número de acidentes, Fylyk disse que eles sempre ocorreram, mas eram menos divulgados. Mesmo assim, o engenheiro afirmou que nos últimos sete anos houve uma redução nesses números. Almeida informou que, comparando-se com o último ano de administração da Rede, o número absoluto de acidentes caiu 78%. “E a produção aumentou de 11 milhões para 24 milhões de toneladas por ano”, acrescentou o diretor.

A tecnologia é o argumento da empresa para explicar o aumento nas cargas transportadas pelos trens. “Os vagões têm freios ABS. Existe um computador de bordo na locomotiva. Temos um carro de controle de linha que faz um raioX da situação dos trilhos”, exemplificou. “E no Norte do Paraná chegam a trafegar composições com até 137 vagões e quase dez mil toneladas”.

Investimento

Segundo a ALL, foram investidos R$ 550 milhões na malha ferroviária da região Sul do Brasil desde 1997. Desse montante, R$ 300 milhões foram aplicados no Paraná, sendo 55% em locomotivas e vagões, 32% em via permanente e 13% em tecnologia, segurança e meio ambiente.

Termo de ajuste define futuro da concessão

Para continuar administrando a malha ferroviária paranaense, a América Latina Logística (ALL) terá que assinar um termo de ajuste de compromisso. Ontem, numa reunião que envolveu Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Defesa Civil, Secretaria de Estado da Cultura e Ministério Público, ficaram definidas alguma exigências que serão feitas para a ALL.

O tenente Gilson de Mattos, da Defesa Civil, explicou que será exigida a troca de dormentes, além da proibição da reutilização de vagões e trilhos. Outra exigência é a redução da velocidade e do número de vagões por composição, assim como a diminuição da relação peso por eixo. “Também serão exigidas algumas questões trabalhistas. A primeira delas é o fim da monocondução, as composições terão que voltar a ser comandadas por duas pessoas”, completou.

Outra questão levantada foi a melhor administração das horas-extras, já que esses órgãos acreditam que os funcionários da ALL acabam trabalhando muito, comprometendo seu desempenho. “Também estamos exigindo o fim da estipulação de metas para os funcionários, melhor preparo profissional deles e o fim da terceirização de serviços nos pátios de manobra”.

O tenente explicou que o termo de ajuste deve ser entregue à ALL pelo Ibama. “Mas isso ainda não tem data marcada. Na próxima semana vamos nos reunir novamente, e outras exigências podem ser feitas”, adiantou.

Análise

Em nota oficial, a ALL informou que “irá analisar cada um dos tópicos quando receber o documento oficial com as medidas sugeridas pela comissão e pretende acatar as recomendações que contribuam efetivamente para a melhoria dos serviços. Itens que gerem o retrocesso na modernização, resultado de sucessivos investimentos em tecnologia e gestão, serão questionados e discutidos em conjunto com os órgãos competentes”.

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