Uma pesquisa do IBGE, divulgada na semana passada, só comprovou oficialmente o que a população já tinha percebido no bolso: comer fora de casa está mais caro. O preço, de acordo com o instituto, subiu 9,51% em 2013, quase o dobro do custo de vida no país, que é medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e ficou em 5,84% no ano passado. Em dez anos o índice mais que dobrou, para azar de quem se alimenta em restaurantes ou lanchonetes todos os dias e precisa fazer malabarismo com as contas, sem abrir mão de uma refeição equilibrada.
A Fundação Getúlio Vargas também avaliou o aumento nos custos com alimentação e apontou que os brasileiros gastam três vezes mais para comer em restaurantes e lanchonetes em comparação aos gastos de fazer as refeições em casa. Porém, com disciplina e pesquisa de preços é possível continuar se alimentando na rua sem comprometer as contas nem a saúde. “Tem que cuidar nas despesas com bebidas, café e sobremesas. Com isso economiza”, alerta a diretora do setor de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Paula Cherobim. Também dá pra cortar gordurinhas no orçamento ao escolher restaurantes que não cobram estacionamento nem em que seja preciso pegar ônibus para chegar até o estabelecimento.
Para que tudo caiba nos gastos previstos o ideal é ficar de olho nos preços, especialmente em restaurantes por quilo, e escolher aqueles que sejam mais em conta. Estabelecimentos de shopping também tendem a cobrar mais caro. Havendo possibilidade, é indicado ainda fazer o almoço em casa, alguns dias da semana.
Ana Paula, que também é coordenadora do projeto “Trocando em miúdos”, de educação financeira, reforça a importância de colocar as despesas com alimentação no orçamento familiar. “Se a pessoa tem vale refeição precisa comer dentro do valor do vale, não tem jeito. Se não tem, tem que ver dentro do orçamento, quanto pode gastar. Por exemplo, se um dia a pessoa gastou mais, no outro será obrigado a gastar um pouco menos, equilibrar a conta. Fora isso não tem mágica”, orienta.
De olho na saúde
O gasto financeiro não deve ser a única preocupação na hora de escolher um restaurante. A higiene do estabelecimento e seleção dos alimentos também são fundamentais para que a economia no fim da conta não se torne uma dor de cabeça ou problema de saúde mais grave. “É perfeitamente possível comer bem fora de casa desde que haja uma seleção do tipo de alimento”, avalia a nutricionista e conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas da 8.ª Região (CRN-8), Eneida Maria Fleischer. Ela afirma que os alimentos mais calóricos pesam mais na conta.
“Os alimentos mais pesados são também os mais elaborados, como massas, lasanhas, maioneses e cremes. Eles têm peso maior na balança e são mais calóricos. Tem que haver uma educação alimentar, com carnes grelhadas (principalmente peixes e frangos) e, aproveitando que estamos em uma estação quente, optar por mais saladas, verduras e o carboidrato”, explica, para que os clientes dos restaurantes não caiam na tentação de experimentar todas as opções do buffet. “É um grande perigo. Dizem que as pessoas comem com os olhos e querem experimentar todos os tipos de alimento. Quanto mais opções, mais perigoso”, diz ela, que indica a composição de um prato colorido, variado e com pequenas quantidades.
As condições do estabelecimento também podem representar um perigo quando estão fora das orientações da Vigilância Sanitária. Logo na entrada, é possível observar a higiene do local, bem como condição das mesas e do uniforme dos funcio,nários. “O primeiro item de segurança é a licença. O documento deve estar à vista do consumidor. Isso garante que ele foi vistoriado e que está em condições de funcionar”, alerta a chefe do serviço de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, Sabrina Vianna Mendes. O cliente precisa ficar atento ainda às condições de armazenamento dos alimentos e sempre lavar as mãos antes da refeição.