Os acidentes de trânsito são responsáveis por 33% das mortes de crianças brasileiras com mais de um ano de idade. Já as colisões de automóveis em que as crianças não estão acomodadas adequadamente nos bancos traseiros representam 16% dos acidentes fatais. Os dados são do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) e da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP), que ontem promoveram, em escolas de ensino fundamental de Curitiba, a campanha Criança Protegida no Carro.
Durante parte da manhã e da tarde, médicos da SBOP realizaram blitze educativas e alertaram pais de estudantes sobre a importância do uso da cadeirinha de segurança em crianças de até dez anos. ?O índice de uso da cadeirinha no Brasil é inferior a10%. Geralmente, as pessoas deixam de utilizá-la principalmente em bebês com menos de um ano, por acreditar que eles podem ser transportados no colo, e em crianças com mais de quatro anos, por achar que elas podem ser protegidas apenas pelo cinto de segurança. Na verdade, os cintos são projetados para pessoas a partir de 1,45 metro de altura e não se ajustam corretamente em crianças, sendo necessária a instalação de suporte especial (bluster)?, explica o presidente da comissão de campanhas da SBOP, Edilson Forlin.
Entre a minoria que utiliza a cadeirinha, também é grande a quantidade de pessoas que cometem erros no momento de instalá-la no automóvel. Os principais são deixar o sistema de retenção muito solto ou não colocar bebês de até um ano sentados de costas para a frente do carro. ?Os bebês têm o pescoço muito frágil e uma colisão pode gerar lesões na coluna vertebral quando eles são posicionados olhando para a frente do carro?, declara.
Segundo o diretor-geral do Detran-PR, coronel David Antônio Pancotti, o Código de Trânsito Brasileiro não regulamenta o uso específico da cadeirinha, o que pode ser considerado uma falha. O documento apenas menciona que crianças de até dez anos devem ser transportadas no banco detrás, com uso de cinto de segurança individual ou sistema de retenção equivalente.
?Espero que, em breve, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regulamente o uso. Existem diversas evidências que apontam para a eficiência da cadeirinha. Uma delas é o acidente que aconteceu, há algumas semanas, em Minas Gerais, no qual apenas uma menina de cinco meses se salvou porque estava sendo transportada adequadamente em cadeirinha instalada no banco traseiro?. Na ocasião, o automóvel onde a criança era transportada se chocou com uma carreta e os pais do bebê morreram imediatamente.
No ano passado, no Paraná, 2.908 pessoas foram multadas por transportar crianças sem observar as normas de segurança. Cinqüenta e oito crianças de zero a nove anos de idade morreram em acidentes de trânsito e 2.401 ficaram feridas.