Alerta: alunos com problemas emocionais

Uma pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) revela que 39% dos estudantes do ensino superior passam por alguma dificuldade emocional e 24% já procuraram ajuda psicológica. Esse desajuste acaba causando prejuízos à formação pessoal e profissional dos acadêmicos. Para tentar reverter a situação, a entidade promove de hoje até quinta-feira, em Brasília, um seminário para discutir o problema e apontar soluções.

Segundo o professor e doutor em psicologia clínica da Universidade de Brasília (UNB), Marcelo Tavares, a situação é alarmante e os problemas psicológicos, além de afetar o desenvolvimento acadêmico, podem levar os estudantes a atitudes extremas como o suicídio e o homicídio. Segundo ele, o assassinato do estudante do jornalismo da Universidade de São Paulo, Rafael Azevedo Fortes Alves, este mês, poderia ter sido evitado. O agressor, Fábio Le Senechal Nanni, apresentava sintomas claros de que algo estava errado.

No ano passado, o Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace) divulgou uma pesquisa que ilustra bem a gravidade do problema. Foram ouvidos 33 mil estudantes de 38 instituições e mais de um terço deles disse estar passando por alguma dificuldade psicológica. A pesquisa mostrou ainda que o problema não está concentrado em determinadas regiões do País – se apresenta de modo quase uniforme em todas as universidades.

Em 2003, Marcelo também fez um estudo que denunciava a situação. De 2.200 alunos que entraram naquele ano na UNB, ele entrevistou 420. Desses, 47% já haviam pensado em suicídio e para 9,8% o pensamento era recorrente. Além disso, 30 deles já haviam atentando contra a própria vida. Além disso, todo semestre, 1,2 mil jovens trancam a matrícula na UNB por motivos de saúde, e as causas psicológicas lideram a lista.

Segundo Marcelo, agora a Andifes está na fase de reconhecimento do problema. Cada universidade vai fazer um levantamento dentro da instituição e apontar as situações de risco. Depois vão ser elaboradas estratégias para dar maior suporte psicológico aos acadêmicos. 

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