?O prédio está feio, mas o coração está ótimo.? Com essa frase, o diretor da Santa Casa de Colombo, Antoninho Baldo, resume a situação do hospital filantrópico, que atende a 2 mil pacientes por mês. Passando por uma situação financeira difícil, como boa parte dos hospitais filantrópicos do País, a Santa Casa por pouco não foi interditada pela Vigilância Sanitária, pouco depois de Baldo assumir o comando.
Ele conseguiu manter as portas abertas ao custo de muito esforço para tentar amenizar a precariedade das instalações e aos poucos, mesmo que funcionando no vermelho, busca soluções para manter o atendimento público na cidade. ?Aproximadamente 95% dos casos que atendemos são feitos através do SUS (Sistema Único de Saúde). Se fecharmos, essas pessoas terão que ir a outras cidades para receber atendimento?, diz.
Para reduzir os custos, o hospital mantém a alimentação com doações da comunidade, que mantêm a despensa sempre cheia. ?As pessoas que podem um pouco mais colaboram. Também recebemos muitas doações de produtos dos agricultores da região. As pessoas tem um coração ótimo?, diz. Em paralelo, foi aberto um bazar, que também sobrevive com doações e é aberto ao público. A renda obtida, mesmo que modesta, é investida nas melhorias.
Há muito a ser feito, mesmo que não haja filas quilométricas na espera por atendimento no pronto-socorro – há apenas uma espera para consultas. Circulando pelas dependências do hospital, pode-se notar claramente a necessidade de reforma, especialmente da parte frontal, que já tem 43 anos. As enfermarias, que estão sempre movimentadas, não têm um odor dos mais agradáveis e é flagrante a necessidade de uma reforma. Mas Baldo diz que já foi pior. ?Aos poucos estamos arrumando. Já colocamos persianas, melhoramos a roupa de cama e pintamos?, diz.
Na ala dos consultórios, que conta com atendimento a novas especialidades, está sendo feita pintura dos consultórios e espera-se, no máximo em outubro, o início das obras de reforma, que serão bancadas pela Prefeitura. ?Se não fosse o apoio do prefeito José Antônio Camargo (PPS), a situação seria crítica, já que a reforma é urgente. Mas com a implantação do novo projeto, as instalações físicas vão melhorar muito?.
Além da reforma na estrutura já existente, a intenção é criar um centro de hemodiálise. ?Só em Colombo, há 138 pacientes que precisam ir a Curitiba três vezes por semana para receber tratamento. Com o centro, atenderemos também a região.?
Em longo prazo, a direção planeja instalar uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pois já dispõe de praticamente todos os equipamentos, guardados em uma pequena sala. ?A maioria veio de doações. Na semana passada, recebemos uma autoclave do Consulado da Alemanha, no valor de R$ 15 mil?.
Investimentos
Segundo Baldo, o custo de funcionamento do hospital – ou parte dele – é coberta pelo repasse do SUS, cujo teto é R$ 109 mil. Entretanto, para não operar no vermelho, o ideal seria ampliar esse repasse para R$ 180 mil. ?Estamos tentando sensibilizar o governo estadual para que nos ajude a aumentar esse teto. As dívidas do passado não podem comprometer o atendimento do presente?, conclui Baldo.
Estado garante estar atento à situação desses hospitais
O governo do Estado assegura que está atento à situação precária das santas casas do Paraná e assegura que, através da política de enfrentamento desenvolvida, vai solucionar os problemas com a implantação de programas vinculados ao governo federal. A aplicação está sendo feita em cima da reorganização do sistema de saúde, obtida através de um mapeamento realizado em todos os 399 municípios do Paraná.
Segundo o diretor do Sistema de Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Gilberto Martins, a parceria já rendeu frutos para os hospitais de referência (regionais), que são 22. ?Através do programa de incentivo às santas casas, conseguimos um repasse de R$ 2 milhões ao mês, o que gera um incentivo a mais para essas unidades?, explica. Esse repasse é paralelo ao repasse proveniente do SUS.
O trabalho agora está sendo direcionado às santas casas de pequeno porte – 66 ao todo. ?Na semana passada tivemos uma reunião no Ministério da Saúde e fechamos o auxílio para as unidades menores, que partirá metade do governo estadual, metade do Ministério da Saúde?, diz.
A previsão é de uma injeção de capital de R$ 5 milhões ao ano. ?O próximo passo e criar um plus para os hospitais filantrópicos de médio porte -dentre eles, está a Santa Casa de Colombo?, conclui Martins. (GR)